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CPI dos Cartões mira em dois servidores citados por vazador
Integrantes da comissão querem convocar funcionários da Casa Civil supostamente envolvidos no dossiê contra FHC
Ex-secretário José Aparecido Nunes Pires mencionou, no depoimento na PF, Norberto Temóteo e Marcelo Veloso, que não comentou o caso
ANDREZA MATAIS
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes da CPI dos Cartões tentarão aprovar até amanhã a convocação de mais dois
funcionários da Casa Civil supostamente envolvidos na produção e no vazamento do dossiê com gastos do governo Fernando Henrique Cardoso.
Norberto Temóteo Queiroz,
secretário de administração, e
Marcelo Veloso Nascimento,
assistente de auditoria da Secretaria de Controle Interno,
foram citados no depoimento
na Polícia Federal de José Aparecido Nunes Pires, responsável pelo vazamento dos dados e
indiciado sob a acusação de
quebra de sigilo funcional.
Segundo o ex-secretário de
controle interno da Casa Civil,
partiu de Temóteo o pedido para que ele cedesse funcionários
para ajudar no trabalho. Foram
escolhidos Veloso e Humberto
Gomes Júnior. "Ele [Temóteo]
explicou que precisava organizar um banco de dados. A CPI
estava sendo instalada", afirmou José Aparecido na PF.
O ex-secretário disse que recebeu de Veloso cópia do dossiê
gravada em um pen drive.
Veloso afirmou à Folha que
não se manifestaria sobre o envolvimento de seu nome. "Não
vou comentar. Preciso primeiro consultar algumas pessoas
antes de me pronunciar." Subordinado a Aparecido, ele está
no cargo desde outubro.
Temóteo acompanha a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, desde a época em
que ela respondia pela pasta de
Minas e Energia -foi o coordenador-geral de orçamento e finanças. Segundo a Folha apurou, ele participou da reunião em 8 de fevereiro, convocada
pela secretária-executiva Erenice Guerra, que montou a força-tarefa para preparar o dossiê. Ele não foi encontrado ontem pela reportagem.
Já há na pauta um requerimento do senador José Nery
(PSOL-PA) para a convocação
de Temóteo. O deputado federal Vic Pires (DEM-PA) apresenta hoje pedido para que a
CPI também ouça Veloso.
"É importante que os dois sejam ouvidos porque existe uma
cadeia de comando e precisamos chegar a quem esteve hierarquicamente à frente do dossiê. Norberto agiu sob orientação de quem? De Erenice? E
Erenice?", disse o deputado
Carlos Sampaio (PSDB-SP).
No depoimento na PF, Aparecido afirmou que não saberia
dizer se houve participação de
Erenice ou de Dilma, porque
seu contato teria sido exclusivamente com Temóteo.
A base aliada não concorda
com as convocações. "Aparecido já esclareceu tudo. Disse
que foi um engano, o que desmonta a tese do dossiê para
constranger a oposição", declarou Paulo Teixeira (PT-SP).
A Folha apurou que Aparecido repetirá na CPI a versão que
apresentou na PF de que enviou o arquivo por engano. "Reconheço que saiu da minha máquina, mas foi sem dolo ou má-fé. Tive uma surpresa quando
percebi que tinha enviado",
disse, segundo o inquérito.
O ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais)
afirmou ontem que o Planalto
"torce" para que o ex-secretário diga exatamente o que
aconteceu, "que foi uma troca
de informações entre amigos".
O ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Carlos Ayres
Britto aprecia hoje o pedido de
reconsideração feito por Aparecido para que possa comparecer à CPI com o advogado, ficar em silêncio e não assinar
compromisso de dizer a verdade na condição de investigado.
Os depoimentos dele e de
André Fernandes, assessor do
senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que recebeu o dossiê por
e-mail de José Aparecido, estão
previstos para amanhã.
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