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Stedile aconselha a
não investir no país
RODRIGO AMARAL
enviado especial a Viena
"Não venham para o Brasil,
porque vocês vão perder dinheiro.
Mais cedo ou mais tarde, vamos
recuperar a soberania nacional."
Esse é o recado que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra), por meio do economista João Pedro Stedile, quer
transmitir aos "capitalistas" internacionais.
Stedile fez a declaração ontem
em Viena, durante seminário de
entidades e partidos de esquerda,
em que o grande tema foi o combate ao que consideram os efeitos
nocivos da globalização.
Na mesma oportunidade, reafirmou o apoio do MST à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à
Presidência.
Após o discurso, Stedile disse
que o alvo da declaração foram os
investidores que buscam o lucro
rápido no mercado financeiro
brasileiro, incentivados pelas altas
taxas de juros.
"Se o Lula ganhar, ele vai alterar
as taxas de juros, ou vai alterar as
regras do jogo, como o Chile mudou, impondo que o dinheiro que
entra no país fique ao menos durante cinco anos", afirmou Stedile à Folha.
"A globalização, para nós (brasileiros), é um fetiche. Por mais
que o governo tenha aberto a economia brasileira, o comércio exterior representa apenas 6% dela.
Temos de cuidar dos outros
94%", disse Stedile a uma platéia
formada essencialmente por simpatizantes da esquerda e militantes de movimentos sociais.
O líder dos sem-terra afirmou
ainda que, hoje, o mercado financeiro compõe a principal elite hegemônica do Brasil, sucedendo
nessa posição às "oligarquias rurais" e à "burguesia industrial".
Ironicamente, o debate de ontem foi organizado pelo Partido
Social Democrata austríaco, cujo
nome comporta três quartos das
letras do PSDB do presidente Fernando Henrique Cardoso e que
atualmente está no poder numa
coalizão com um partido conservador.
Hoje, Stedile participa de um novo debate, dessa vez na sede vienense da ONU (Organização das
Nações Unidas), e à noite volta ao
Brasil.
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