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NORDESTE
Para o presidente interino da República, a ordem do governo é para evitar os saques 'seja como for'
Interino, ACM apóia prisão de saqueador
LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
Antes de embarcar para Brasília, o presidente interino
da República,
Antonio Carlos
Magalhães
(PFL), defendeu ontem, em Salvador (BA), a prisão dos líderes dos
saques que estão acontecendo no
Nordeste. "O governo já pediu a
prisão de um deles, que foi negada. Na medida em que isso aconteça, tem de prender mesmo."
Na semana passada, a Justiça negou o pedido de prisão do economista João Pedro Stedile, um dos
principais dirigentes do MST.
Segundo ACM, a ordem é evitar
os saques, "seja como for".
"O saque é uma ilegalidade, e
alguns querem transformar essa
ilegalidade para perturbar a vida
do país." Para ele, os saques são
uma demonstração de articulação
perigosa "que tem de ser desarticulada a qualquer custo".
ACM pediu ontem ao governador da Bahia, César Borges (PFL),
que prendesse, "se possível em
flagrante", os autores do saque
ocorrido ontem em Curaçá (BA).
"Já pedi providências ao governador para prender, se possível
em flagrante, aqueles que saquearam, porque o saque só vai levar à
perturbação da ordem", disse
ACM, no gabinete da Presidência.
"O país precisa de ordem, sobretudo no Nordeste, para que
possa haver o combate à seca",
afirmou. "Esses saques estão, inclusive, impedindo que se atenda a
quem precisa. A desordem não é
boa conselheira nessa hora."
Segundo ACM, os saques "são
políticos" e incentivados por pessoas que não deviam fazê-lo. "São
aqueles que promovem e exploram a miséria de alguns", disse.
ACM disse que a decisão de
prender os saqueadores não deve
se restringir à Bahia. "É em qualquer Estado. Eu espero que os governadores cumpram os seus deveres nessa hora, porque o país
precisa de calma para trabalhar."
Rainha
José Rainha Jr., um dos líderes
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), disse
em Salvador que a organização vai
continuar estimulando os saques.
"Onde houver um acampamento com pessoas passando fome, o MST estará ao lado incentivando os saques", disse Rainha.
"A grande missão do MST é organizar
os trabalhadores para resolver
problemas básicos que são de
competência do governo, como a reforma agrária e o direito à sobrevivência." Rainha
criticou a declaração de ACM
quanto à prisão de saqueadores.
"Partindo de Antonio Carlos
Magalhães, a gente pode esperar
tudo contra a oposição." E completou: "Acho mais perigoso para o país ver trabalhadores morrendo de fome do que buscar comida para matar a fome". Para Rainha,
o MST não pode ser responsabilizado pelos saques que estão acontecendo nos Estados nordestinos. "Os saques existem há mais de um século. A única novidade é a presença organizada do MST".
Colaborou a Sucursal de Brasília
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