|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUMO A 98
Governador diz que gostaria que presidente lhe contasse a conversa
Covas classifica encontro
FHC-Maluf de 'escondido'
IGOR GIELOW
da Reportagem Local
EMANUEL NERI
da Reportagem Local
O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), disse ontem que
o encontro entre Fernando Henrique Cardoso e Paulo Maluf (PPB)
foi "escondido" e que está esperando o presidente informá-lo sobre o que foi conversado -caso
envolva a sucessão paulista.
Em duas ocasiões ontem, Covas
alfinetou o jantar de segunda-feira
entre FHC e Maluf, mas não fez
críticas diretas ao presidente.
"Não tenho direito de perguntar
nada ao presidente. É parte de suas
prerrogativas receber líderes, mesmo que sejam adversários", disse
Covas pela manhã.
À tarde, disse que o encontro
FHC-Maluf fora "escondido". "O
que eu li nos jornais é que isso foi
escondido. Maluf chegou lá de
noite, incógnito, esteve no hotel
tal, sem dizer a ninguém, e foi visitar o presidente, incógnito."
Também afirmou que espera ser
informado sobre o assunto discutido se ele envolver o PSDB paulista. "Eu faria o mesmo", disse.
Covas demonstrou um incomum bom humor na manhã de
ontem. Segundo um de seus homens de confiança, isso faz parte
da estratégia de não parecer melindrado com o caso FHC-Maluf.
Covas adotou a tática do "pagar
para ver" em relação à aproximação de FHC e Maluf. Segundo a Folha apurou, mandou seu partido
parar de criticar abertamente o encontro entre o presidente e Maluf,
o principal adversário na campanha da reeleição do ano que vem.
A estratégia incluiu ordens expressas do Palácio dos Bandeirantes para que tucanos paulistas parem de dar declarações criticando
o encontro. "O partido tem que
parar com essa ciumeira. Há muitas declarações infelizes. O PSDB é
grande e tem que pensar grande.
Os votos vinculados a Maluf são
bem-vindos para a aprovação das
reformas", afirmou Paulo Kobayashi, presidente tucano da Assembléia Legislativa e do diretório
paulistano do PSDB.
Kobayashi ressalta, porém, que
isso não tem reflexo obrigatório
nas eleições do ano que vem. "É
muito cedo. Isso tudo só será visto
em abril do ano que vem, e o candidato do PSDB será Mário Covas,
com apoio do presidente."
Covas já fala como candidato.
"Eu não sei se o presidente vai subir no meu palanque, se é que terei
um, mas eu subirei no dele. Tenho
que levar em consideração os
companheiros do partido que querem minha candidatura", disse.
O PFL, que Maluf corteja para
formar chapa em 98, foi tratado
com indiferença por Covas. "Se
alguém tem preferência por outra
candidatura ao invés da minha, é
melhor ficar com a outra."
Kobayashi foi mais incisivo. "O
PFL é um tigre de papel. Em São
Paulo, o PFL vale pelo horário de
TV". Segundo o líder do PFL na
Assembléia, Duarte Nogueira, o
partido irá discutir o caso na segunda-feira. "Mas adianto que é
cedo para afunilar discussões."
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|