São Paulo, quinta, 19 de junho de 1997.



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RUMO A 98
Governador diz que gostaria que presidente lhe contasse a conversa
Covas classifica encontro FHC-Maluf de 'escondido'

IGOR GIELOW
da Reportagem Local

EMANUEL NERI
da Reportagem Local

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), disse ontem que o encontro entre Fernando Henrique Cardoso e Paulo Maluf (PPB) foi "escondido" e que está esperando o presidente informá-lo sobre o que foi conversado -caso envolva a sucessão paulista.
Em duas ocasiões ontem, Covas alfinetou o jantar de segunda-feira entre FHC e Maluf, mas não fez críticas diretas ao presidente.
"Não tenho direito de perguntar nada ao presidente. É parte de suas prerrogativas receber líderes, mesmo que sejam adversários", disse Covas pela manhã.
À tarde, disse que o encontro FHC-Maluf fora "escondido". "O que eu li nos jornais é que isso foi escondido. Maluf chegou lá de noite, incógnito, esteve no hotel tal, sem dizer a ninguém, e foi visitar o presidente, incógnito."
Também afirmou que espera ser informado sobre o assunto discutido se ele envolver o PSDB paulista. "Eu faria o mesmo", disse.
Covas demonstrou um incomum bom humor na manhã de ontem. Segundo um de seus homens de confiança, isso faz parte da estratégia de não parecer melindrado com o caso FHC-Maluf.
Covas adotou a tática do "pagar para ver" em relação à aproximação de FHC e Maluf. Segundo a Folha apurou, mandou seu partido parar de criticar abertamente o encontro entre o presidente e Maluf, o principal adversário na campanha da reeleição do ano que vem.
A estratégia incluiu ordens expressas do Palácio dos Bandeirantes para que tucanos paulistas parem de dar declarações criticando o encontro. "O partido tem que parar com essa ciumeira. Há muitas declarações infelizes. O PSDB é grande e tem que pensar grande. Os votos vinculados a Maluf são bem-vindos para a aprovação das reformas", afirmou Paulo Kobayashi, presidente tucano da Assembléia Legislativa e do diretório paulistano do PSDB.
Kobayashi ressalta, porém, que isso não tem reflexo obrigatório nas eleições do ano que vem. "É muito cedo. Isso tudo só será visto em abril do ano que vem, e o candidato do PSDB será Mário Covas, com apoio do presidente."
Covas já fala como candidato. "Eu não sei se o presidente vai subir no meu palanque, se é que terei um, mas eu subirei no dele. Tenho que levar em consideração os companheiros do partido que querem minha candidatura", disse.
O PFL, que Maluf corteja para formar chapa em 98, foi tratado com indiferença por Covas. "Se alguém tem preferência por outra candidatura ao invés da minha, é melhor ficar com a outra."
Kobayashi foi mais incisivo. "O PFL é um tigre de papel. Em São Paulo, o PFL vale pelo horário de TV". Segundo o líder do PFL na Assembléia, Duarte Nogueira, o partido irá discutir o caso na segunda-feira. "Mas adianto que é cedo para afunilar discussões."



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