São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2001

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Advogado confirma à PF ser autor de gravação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O advogado Gildo Ferraz confirmou ontem em depoimento à Polícia Federal ser o autor da gravação da conversa em que o ex-banqueiro Serafim Moraes e sua mulher, Vera Campos, acusaram o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) de ter recebido um cheque emitido para pagamento de uma operação irregular com Títulos da Dívida Agrária (TDAs).
Na conversa, publicada pela revista "IstoÉ", Moraes e Vera contam que pagaram os títulos ao fazendeiro Vicente Pedrosa da Silva com um cheque. A transação teria sido realizada no hotel Hilton, em São Paulo, em dezembro de 1988. Em seguida, o casal descreveu o momento em que o fazendeiro teria passado o cheque às mãos de Jader, que supostamente se encontrava no saguão.
O depoimento de Ferraz começou às 8h30 de ontem. Foi interrompido às 13h30 e recomeçou no final da tarde. O advogado descreveu em detalhes ao delegado Luís Fernando Ayres Machado, que preside o inquérito na PF, o suposto envolvimento de Jader em operações de desapropriação irregular de terras no Pará.
A quebra de sigilo bancário de Moraes, de sua mulher e de Pedrosa deve ser pedida à Justiça ainda hoje pelo delegado.
Na semana passada, o corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), tomou os depoimentos de Vera e Moraes. Nenhum dos dois confirmou ter visto Jader recebendo o cheque. Apenas afirmaram ter visto o senador no hotel Hilton, em 12 de dezembro de 1988, quando o negócio foi fechado. Na ocasião, Jader teria cumprimentado Pedrosa.
Nos depoimentos, o casal explicou que a transação foi quitada por um cheque como sinal e depois por uma ordem de pagamento, expedida no dia em que o negócio foi sacramentado no hotel.
Segundo o fazendeiro, o dinheiro que recebeu do casal não se originou de uma operação com TDAs, mas do resgate de uma operação na Bolsa. O delegado irá a São Paulo nesta semana para tomar o depoimento do casal para o inquérito da PF. Tuma, que acompanha o caso a pedido de Jader, quer ouvir Pedrosa ainda esta semana. "Se ele continuar a negar, vamos fazer uma acareação."
O sigilo bancário de Pedrosa foi quebrado durante as investigações do Ministério Público Federal sobre desvio de verbas em financiamentos da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
Tuma enviou ofício ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, solicitando que esses dados sejam encaminhados à PF para agilizar as investigações.


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