São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2001

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Simon cogita afastar Jader e defende CPI

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) cogita a possibilidade de o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), deixar o cargo no segundo semestre. É a primeira vez que o senador menciona a possibilidade.
Tal atitude, segundo Simon, "deve ser estudada", caso o Ministério Público denuncie Jader e o caso seja aceito pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Simon espera, também, que o Senado tenha, nos próximos dias, as 27 assinaturas necessárias para a abertura da CPI da corrupção.
"Tudo isso terá de ocorrer a partir de agosto. Começaremos o recesso e, depois, poderemos ter uma nova situação", afirmou o senador gaúcho, que foi um dos peemedebistas a assinar o requerimento pedindo a instauração da CPI da corrupção e a defender sua abertura.
A declaração de Simon é relevante por dois aspectos. Primeiro, o senador é considerado uma espécie de referencial ético dentro do partido. Tradicionalmente está na linha de frente de condenações morais, o que costuma fazer em discursos inflamados no Senado.
Além disso, Simon é pré-candidato à Presidência da República e quer desvincular o PMDB dos partidos situacionistas.
"A melhor estratégia é que cada partido tenha um candidato próprio no primeiro turno. É o mais inteligente a ser feito. O presidente Fernando Henrique Cardoso não pode forçar a nós e ao PFL a apoiar um candidato do PSDB, como está tentando fazer", afirmou o senador gaúcho.
Simon diz ter em mãos uma pesquisa interna do PMDB segundo a qual, na disputa com o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, ele seria o escolhido do partido para a disputa presidencial. ""Eu e o Itamar somos amigos e vamos apoiar um ao outro, dependendo de quem for o candidato. Mas fico muito feliz com essa pesquisa", disse Simon, para quem as bases do PMDB exigem candidatura própria.
"As bases não acompanhariam o PSDB", disse.
Mesmo falando em amizade com Itamar, Simon, indiretamente, marca uma diferença. "Na Presidência, eu me cercaria dos melhores e não de amigos", afirmou.
Quando Itamar era presidente, sua administração ficou conhecida como "república do pão de queijo", em alusão a seu grupo de amigos de Minas que ocupou postos-chave no governo.
Simon também diz que tem trânsito suficiente para um "pacto de governabilidade" com todos os setores da sociedade, o que outros não teriam.


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