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JANIO DE FREITAS
O poder intocável
O uso de uma empresa-fantasma, obviamente com serviços-fantasmas, para o superfaturamento das empreiteiras
CBPO e Constran na construção
do túnel Ayrton Senna não se limita a uma operação fraudulenta descoberta pelo Ministério
Público de São Paulo e revelada
na Folha pelo repórter Ronald
Freitas.
Figurantes habituais nas revelações de concorrências públicas
fraudadas por empreiteiras,
aquelas duas empresas se apresentam no novo caso como afirmadoras da mais absoluta impunidade existente no Brasil.
Fraude seguida de fraude, furto seguido de furto, as grandes
empreiteiras são praticantes de
golpes contra os cofres públicos
sem que lhes tenha ocorrido, jamais, nem ao menos um leve risco de problema, como a exclusão em outras concorrências,
para não exagerarmos com a hipótese de condenação judicial.
A construção de um anexo do
próprio Tribunal de Justiça do
Estado do Rio, orientada pelo
então desembargador Antonio
Carlos Amorim, se fez a partir
de uma concorrência cujo vencedor foi antecipado, aqui mesmo, em forma codificada. Nem
inquérito houve.
As grandes empreiteiras são o
poder mais corruptor, mais corrupto e mais intocável do Brasil.
Não seria preciso dizer que compõem, também, o poder que
mais drena dinheiro para políticos e funcionários de altos níveis.
O Ministério Público de São
Paulo, por intermédio do promotor Luiz Sales do Nascimento, ao decidir-se pela investigação da fraude feita por CBPO e
Constran, deixa subtender uma
promessa: a de que seja dada a
uma fraude de empreiteira, enfim, alguma consequência que
não o seu maior enriquecimento e o de seus corrompidos comparsas.
Cisma
Está explicada a extemporânea declaração de Fernando
Henrique Cardoso sobre a certeza da posse de seu sucessor, graças à solidez do regime e quem
quer que seja ele.
Fernando Henrique considerou que incitar a idéia de solidez
do regime seria um preventivo:
cismou que há uma conspiração
para tirá-lo da Presidência.
Boa notícia
A Seção Judiciária Federal de
1ª Instância em São Paulo inova
com uma providência admirável: lança o excelente "Noções de
Direito para Jornalistas - Guia
Prático".
Os juízes sentem no nome e na
alma os males da ignorância do
jornalismo brasileiro em noções
mínimas de direito. A não ser
no nome, na alma todo leitor
padece os efeitos do mesmo problema. Se até colunista de economia evidencia que não leu
nem a Constituição, fará bem o
leitor que se defenda procurando um exemplar no Núcleo de
Comunicação Social da Seção
Judiciária Federal em São Paulo.
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