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TÚNEL FANTASMA
Ministério Público apura relação entre empresa que atuou na gestão Maluf e remessa de dinheiro via Paraguai
Promotor suspeita que Lavicen serviu a envio ilegal de dólar
RONALD FREITAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor Luiz Sales do Nascimento vai solicitar à Procuradoria da República em Foz do Iguaçu (PR) informações sobre o
eventual envolvimento da empresa Lavicen Ltda. com um esquema de remessa ilegal de dinheiro
para o exterior por meio de contas
CC-5. O Ministério Público do Estado de São Paulo suspeita que a
Lavicen, uma locadora fantasma
de tratores contratada pelas empreiteiras CBPO e Constran durante a construção do túnel Ayton
Senna, tenha fornecido notas fiscais frias às construtoras.
O túnel foi construído na gestão
do ex-prefeito Paulo Maluf (1993-1996). A Folha apurou que Maluf
e familiares têm contas bloqueadas na ilha de Jersey, um paraíso
fiscal no canal da Mancha. Além
de Maluf, são donos de contas sua
mulher, Sylvia, os quatro filhos do
casal e uma das noras. Os depósitos somam pelo menos US$ 200
milhões. O ex-prefeito nega a
existência das contas.
O Ministério Público paulista
suspeita que haja relação entre os
depósitos e as denúncias de superfaturamento do túnel. Maluf e
Reynaldo de Barros, seu ex-secretário de Vias Públicas, são réus
em duas ações que apontam superfaturamento da obra do Ayrton Senna em R$ 105,89 milhões.
As CC-5 permitiam a residentes
no Brasil com domicílio no exterior enviar dinheiro para fora do
país. Os procuradores da República no Paraná descobriram a remessa ilegal de dólares comandada por cambistas paraguaios que
abriam contas em agências bancárias de Foz do Iguaçu (PR) em
nome de "laranjas" para transferir dinheiro de terceiros. Já se
identificou "laranjas", cambistas
e bancos envolvidos.
O promotor Nascimento também vai pedir à Junta Comercial
do Paraná cópia do contrato social da empresa Lavicen e de todos os registros de empresas em
que conste como sócio o sapateiro
Lavino Kiil, oficialmente um dos
sócios da empresa fantasma. Ele
quer comparar assinaturas de Lavino em diferentes documentos.
Em reportagem da Folha no último domingo, Kiil negou ser ou
ter sido dono da Lavicen. A assinatura do sapateiro que consta do
contrato social é diferente da que
consta em sua identidade.
Responsabilidade negada
Em carta à Folha, as empreiteiras dizem desconhecer a condição
irregular da Lavicen e dizem que
trataram com um representante
legal da empresa (leia a carta na seção "Painel do Leitor"). A exemplo do advogado
de Paulo Maluf, Ricardo Tosto, o
advogado de Reynaldo de Barros,
Floriano Marques Neto, disse que
a responsabilidade sobre eventual
irregularidade na contratação da
Lavicen é do consórcio.
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