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INVESTIGAÇÃO
Anadyr Mendonça Rodrigues abre processo para apurar acusação contra superintendente da Receita Federal
Corregedora vai investigar cúpula do Fisco
DAVID FRIEDLANDER
ESTELA CAPARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A corregedora-geral da União,
Anadyr de Mendonça Rodrigues,
abriu processo para investigar caso de corrupção envolvendo a cúpula da Receita Federal em Brasília. Anadyr quer saber se a superintendente da 1ª Região Fiscal da
Receita, Nadja Romero, engavetou ou não denúncia contra um
de seus principais assessores, que
teria tentado corromper um fiscal, segundo a Folha publicou na
edição de ontem.
Com a abertura do processo
00190000642-2001/16 na Corregedoria Geral da União, a repartição
vai pedir explicações ao secretário
da Receita, Everardo Maciel. Até
agora, a Receita não teve muita
pressa em apurar as denúncias
envolvendo a Superintendência
da 1ª Região Fiscal.
No dia 8 de dezembro do ano
passado, o auditor Nelson Meireles, assessor da superintendente
Nadja, foi gravado numa conversa em que teria tentado subornar
um fiscal. A intenção de Meireles
seria convencer o colega Ayrton
Barros a reduzir a multa da Saga,
um dos maiores grupos empresariais de Goiás.
Barros gravou a conversa com
Meireles e levou o caso a seus superiores. Nadja, superintendente
da Receita em Goiás, Tocantins,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul
e no Distrito Federal, ouviu a fita
11 dias depois do episódio.
A superintendente pediu segredo e disse que levaria o caso pessoalmente a Everardo Maciel, de
acordo com o depoimento do fiscal Barros. O caso, no entanto, ficou engavetado durante quatro
meses. Só veio à tona em abril
deste ano porque Barros resolveu
fazer uma representação formal
contra o assessor Meireles.
Só depois que a história vazou,
foi criada uma comissão de inquérito na Corregedoria da Receita para investigar Meireles. O assessor foi exonerado do cargo. A
surpresa é que o autor da denúncia, Ayrton Bastos, também foi
afastado do cargo que ocupava.
Na semana passada, o então chefe
da corregedoria da Receita da 1ª
Região Fiscal, Marcus Vinícius
Gonçalves, também foi exonerado. Ele tinha havia acusado formalmente Nadja de ter engavetado a denúncia contra Meireles.
Uma comissão de inquérito da
Corregedoria da Receita investiga
a denúncia contra Meireles.
"Uma denúncia no alto escalão
da Receita precisa ser investigada
porque pode comprometer a credibilidade do órgão. Principalmente quando se trata da 1ª região, onde são investigada importantes autoridades da República",
diz Paulo Gil Holck, presidente da
Unafisco, sindicato dos fiscais da
Receita. Gil defende a exoneração
imediata da Nadja para que "a lisura nas investigações seja preservada". Ontem, a Unafisco emitiu
uma nota pedindo a apuração rigorosa do caso.
Em entrevista à Folha, a superintendente da 1ª região admitiu
ter ouvido a gravação com a conversa entre Meireles e Barros e
que pediu segredo sobre a denúncia: "A gente tinha que monitorar
o caso", disse Nadja.
Ela afirmou que não levou o caso adiante porque Barros se recusou a entregar a fita que comprovaria as acusações. Nadja não
conta se levou ou não a denúncia
ao secretário da Receita, Everardo
Maciel. "Não falo sobre isso".
A Folha tenta falar com Everardo Maciel desde quinta-feira passada, deixou cinco recados, mas
até agora não foi possível entrar
em contato com ele. Meireles, pivô da confusão, diz que a acusação contra ele é "absurda e fantasiosa".
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