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Intelectuais vêem viés economicista
no projeto petista
DA REPORTAGEM LOCAL
A ênfase em temas econômicos
e o viés "economicista" do esboço
do programa de governo do PT,
em detrimento dos problemas sociais, receberam críticas de intelectuais e economistas que supostamente estão à direita do partido
de Luiz Inácio Lula da Silva.
Alguns consideram que o documento preocupa-se demais com
metas de inflação e taxa de câmbio, por exemplo, relegando ao
segundo plano a discussão sobre
o impacto delas na sociedade.
Conforme a Folha apurou, entre os críticos do teor geral do documento, presentes à reunião de
sua primeira discussão fora do
âmbito estrito do partido, está o
economista João Sayad. O secretário de Finanças da Prefeitura de
São Paulo teria defendido uma
peça de governo mais "enxuta",
ao mesmo tempo mais "abrangente" e menos "técnica".
Outros economistas que, como
Sayad, pediram por um documento "menos abstrato" e mais
sintonizado com os dramas sociais do país foram Luiz Gonzaga
de Mello Belluzzo e João Manuel
Cardoso de Mello. Além de serem
historicamente ligados ao PMDB,
os três participaram da elaboração e gestão do Plano Cruzado, no
governo José Sarney (1985-1990).
Outros intelectuais convidados
a participar da discussão do documento não compareceram. A
proposta, segundo um deles, que
preferiu não se identificar, serviria agora apenas para "vender
uma imagem amena do PT".
"O programa não é definitivo e
por isso tem lacunas. Concordo
que em uma próxima etapa ele
deva ser simplificado e condensado", afirmou Guido Mantega, um
dos coordenadores da proposta.
O economista Celso Furtado enviou e-mail para Lula em que avalia como "esplêndido" o trabalho,
mas frisa a importância de uma
redação final mais compacta.
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