São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2001

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Intelectuais vêem viés economicista no projeto petista

DA REPORTAGEM LOCAL

A ênfase em temas econômicos e o viés "economicista" do esboço do programa de governo do PT, em detrimento dos problemas sociais, receberam críticas de intelectuais e economistas que supostamente estão à direita do partido de Luiz Inácio Lula da Silva.
Alguns consideram que o documento preocupa-se demais com metas de inflação e taxa de câmbio, por exemplo, relegando ao segundo plano a discussão sobre o impacto delas na sociedade.
Conforme a Folha apurou, entre os críticos do teor geral do documento, presentes à reunião de sua primeira discussão fora do âmbito estrito do partido, está o economista João Sayad. O secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo teria defendido uma peça de governo mais "enxuta", ao mesmo tempo mais "abrangente" e menos "técnica".
Outros economistas que, como Sayad, pediram por um documento "menos abstrato" e mais sintonizado com os dramas sociais do país foram Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo e João Manuel Cardoso de Mello. Além de serem historicamente ligados ao PMDB, os três participaram da elaboração e gestão do Plano Cruzado, no governo José Sarney (1985-1990).
Outros intelectuais convidados a participar da discussão do documento não compareceram. A proposta, segundo um deles, que preferiu não se identificar, serviria agora apenas para "vender uma imagem amena do PT".
"O programa não é definitivo e por isso tem lacunas. Concordo que em uma próxima etapa ele deva ser simplificado e condensado", afirmou Guido Mantega, um dos coordenadores da proposta.
O economista Celso Furtado enviou e-mail para Lula em que avalia como "esplêndido" o trabalho, mas frisa a importância de uma redação final mais compacta.


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