São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Somados, seus principais adversários teriam 43,7%

Serra deve ter 41,8% do tempo no rádio e na TV

DA REDAÇÃO

Se o cenário político não se alterar substancialmente, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, deve ficar com 41,8% do tempo no horário eleitoral gratuito -pouco menos do que a soma dos tempos de seus três principais adversários: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS).
Uma estimativa que leva em conta o lançamento de sete candidatos ao Palácio do Planalto mostra que Lula teria 18,6% do tempo no rádio e na TV, contra 16,5% de Ciro e 8,6% de Garotinho. Esses três candidatos teriam, ao todo, 43,7% do horário eleitoral.
A divisão no tempo no rádio e na TV segue dois critérios: um terço é dividido igualmente entre todos os candidatos (e por isso varia de acordo com o número de candidatos lançados), e dois terços são divididos proporcionalmente às bancadas dos partidos em 1º de fevereiro de 1999.
Assim, a coligação de Serra (PSDB-PMDB) reuniria 182 deputados federais, contra 68 da aliança PT-PMN-PC do B, 59 da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB), 19 da coligação PSB-PST e apenas 1 deputado do Prona.

Eleição de 1998
A vantagem de Serra sobre seus adversários é grande, mas é menor do que a de Fernando Henrique Cardoso em 1998. Naquela eleição, a coligação governista reunia PSDB, PFL, PPB, PTB e PSD. Por conta disso, FHC dispunha de 49,7% do tempo na TV -praticamente o mesmo dos outros 11 candidatos somados.
Isoladamente, porém, Lula estava numa posição algo melhor. Apoiado por uma coalizão que reunia PT, PDT, PSB, PC do B e PCB, o petista dispunha de 23,2% do tempo no horário gratuito, enquanto Ciro, apoiado pelo PPS e pelo PL, tinha apenas 5,1%.
Neste ano, a aliança em torno do petista encolheu, com a saída do PSB (que lançou Garotinho) e do PDT (que agora apóia Ciro), enquanto a base de sustentação do ex-governador cearense cresceu: o candidato do PPS terá três vezes o tempo da eleição anterior.
As modificações resultam em parte da divisão da coalizão governista, que elegeu FHC, e do agravamento do racha na oposição, que agora terá mais um candidato competitivo (Garotinho). Por causa disso, a eleição presidencial deste ano tende a ser menos polarizada que a de 1998.
Mas o cenário atual resulta também da verticalização das alianças, que restringiu as possibilidades de coligações. Após a desistência de Roseana Sarney, o PSDB bem que tentou fechar alianças com o PFL (105 deputados federais eleitos em 1998) e PPB (60 deputados eleitos), mas as resistências regionais impediram os acordos. As negociações para manter o PTB (31 deputados eleitos) na aliança tampouco tiveram êxito.
O PT, por sua vez, tentou obter o apoio do PL, não tanto pelo ganho de tempo no horário gratuito, que seria pequeno (o partido só elegeu 12 deputados em 1998), mas pelo valor simbólico da aliança, que permitiria a conquista de eleitores mais conservadores.
A verticalização também vai reduzir muito o número de candidatos ao Palácio do Planalto neste ano. Como os pequenos partidos dependem das coalizões regionais para alcançar o quórum para eleger deputados estaduais e federais, o lançamento de uma candidatura à Presidência limitaria as possibilidades de fazer alianças fundamentais. Por isso, só os micropartidos de perfil ideológico devem lançar candidatos próprios -o PSTU, o PCO e o Prona.


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