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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Mantega defende que índice seja expurgado de alguns aumentos, para medir variação "real" de preços
PT quer mudar sistema de metas da inflação
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O assessor do PT para assuntos
econômicos, Guido Mantega, defendeu ontem no Rio a modificação do sistema de metas da inflação existente hoje no país.
Pelo sistema de metas, o Banco
Central tem o compromisso formal de manter a taxa oficial de inflação -hoje medida pelo IPCA
do IBGE- dentro de certos limites. Mantega propõe que a taxa
utilizada pelo BC seja medida pelo
núcleo da inflação. Nesse sistema,
variações ocasionais, violentas e
passageiras de preços são excluídas da medida da inflação: permanece só o seu núcleo.
Mantega defendeu a mudança
com o argumento de que seria
uma forma de refletir a inflação
real da economia. Ele disse que
não há uma definição universal
dos itens que devem compor o
núcleo da inflação e que os EUA,
por exemplo, excluem alimento e
energia de seu cálculo.
Mantega afirmou que a definição do núcleo da inflação no Brasil deve ser objeto de discussão
pública. ""Se vamos retirar os preços administrados e a gasolina,
por exemplo, é uma questão que
deve ser discutida com a sociedade. Não é assunto para ser decidido internamento pelo PT", disse.
Mantega trocou farpas ontem
com o secretário-executivo do
Ministério da Fazenda, Amaury
Bier, durante um seminário sobre
a reversão das expectativas econômicas realizado no auditório
do Jockey Club, no Rio de Janeiro.
Bier voltou a cobrar transparência dos candidatos presidenciais
em relação à manutenção das metas inflacionárias, ao câmbio e ao
cumprimento de contratos firmados pelo atual governo.
O secretário disse que o candidato tucano à Presidência, José
Serra, foi o único a se comprometer, até agora, com a manutenção
da meta de 3,75% de superávit
primário para o ano que vem.
Segundo o secretário, se pairam
dúvidas sobre o manejo da política econômica dos candidatos, isso influencia o comportamento
dos mercados agora.
Disse que os partidos precisam
subscrever posições claras e tranquilizadoras e acusou o PT de ter
posições contraditórias. ""Houve
uma saudável mudança de posição dentro do PT, mas isso precisa ser traduzido em documentos.
Espero, ansiosamente, a divulgação do programa do partido."
Mantega respondeu às críticas
afirmando que o governo quer
colocar uma ""camisa de força"
nos candidatos e obrigá-los a
manter uma política de vulnerabilidade. ""Temos compromissos
com a estabilidade, com o câmbio
flutuante, com metas de inflação e
com a geração de superávit comercial. Mas é só o início. Defendemos uma ação forte nas áreas
comercial e industrial, que o atual
governo não consegue fazer."
Para ele, a meta de inflação de
3,5% para este ano (com possibilidade de variação de dois pontos
para cima e para baixo) é apertada e dificulta a redução dos juros.
"Se a meta fosse mais realista, de
5% em vez de 3,5%, talvez os juros
tivessem baixado nos meses de
abril e maio e talvez nós não estivéssemos nesta situação."
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