|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUNCIONALISMO
Lula já recebeu relatório, mas deve discutir assunto com Guido Mantega antes de anunciar qualquer aumento
Estudo da Defesa propõe reajuste de 33% a militares
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva já tem em mãos a conclusão
de estudo do Ministério da Defesa
e do comando das Forças Armadas a respeito do reajuste salarial
aos militares. De forma linear, o
texto prevê 10% a partir de agosto
e 20% (mais inflação) no primeiro
trimestre de 2005, o que totaliza
um percentual de 33% para todas
as patentes.
Um outro estudo, também sob
coordenação do ministro José
Viegas, está em andamento. Trata
exclusivamente da viabilidade de
vinculação do soldo básico de um
recruta (hoje em R$ 153) ao salário mínimo (R$ 260). Com o
eventual reajuste de 33%, o valor
avançaria para cerca de R$ 203.
Um oficial-general de quatro estrelas recebe atualmente cerca de
R$ 9.500 -maior salário bruto
das Forças. Lula vai conversar
com o ministro Guido Mantega
(Planejamento) antes de anunciar
o reajuste aos 330 mil militares. A
preocupação é com o impacto dos
reajustes nas contas do governo.
Em discursos recentes, o presidente prometeu a eles tratamento
semelhante a dos servidores civis.
Os militares cobram um reajuste linear emergencial de 30% pelas
perdas com a inflação entre 2001 e
2004. Em janeiro de 2001 ocorreu
uma reestruturação da remuneração por meio de medida provisória -28,23%, em média, pago
até janeiro de 2002.
O tema tem sido espinhoso tanto para o governo federal como
para as Forças Armadas. No início deste ano, uma seqüência de
fatos colocou o ministro e os comandantes sob tensão.
No início de abril, familiares de
militares, a maioria mulheres
usando camiseta pretas, promoveram um protesto por reajustes
salariais na praça dos Três Poderes, em Brasília, durante a cerimônia da troca da bandeira. Pelas regras das Forças Armadas, militares da ativa não podem fazer greve nem esse tipo de protesto, o
que configura insubordinação.
Dias depois, o comandante da
Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, divulgou nota admitindo que a defasagem salarial nas
Forças Armadas e que ela acarreta
uma "possibilidade real de florescer insatisfações sociais" entre os
militares.
Na seqüência, Viegas reagiu.
Enviou mensagem aos comandantes desautorizando o que chamou de "manifestações isoladas"
em relação aos baixos soldos dos
militares. O ministro se colocou
como o único interlocutor autorizado a tratar do tema.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Operação Vampiro: Polícia vai investigar Exército e Correios Índice
|