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OPERAÇÃO VAMPIRO
Mais cinco inquéritos deverão ser abertos para investigar possíveis fraudes em órgãos públicos
Polícia vai investigar Exército e Correios
ANDRÉA MICHAEL
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal apresentou
ontem à Justiça Federal em Brasília o relatório do inquérito relacionado à Operação Vampiro e
informou que abrirá pelo menos
cinco novos inquéritos, nos quais
serão investigadas possíveis fraudes em licitações no Exército, na
Infraero, na Petrobras, nos Correios e no INSS.
O documento indicia 18 lobistas, empresários e servidores do
Ministério da Saúde por corrupção ativa e passiva, fraude em licitação e formação de quadrilha. A
PF não diz quais seriam as fraudes
nos outros órgãos federais.
Os indícios de irregularidades
surgiram das escutas telefônicas
de 17 pessoas. Outros elementos
foram colhidos nos depoimentos
dos lobistas, dos empresários e
dos servidores presos no dia 19 de
maio, quando deflagrada a Operação Vampiro, cujo foco inicial
era investigar fraudes no Ministério da Saúde.
Parte dos órgãos que serão investigados está citada no depoimento do lobista Francisco Danúbio Honorato, um dos indiciados.
Ele disse aos investigadores que
fora contratado por Jaisler Jabour
-também indiciado- para divulgar, a órgãos públicos, "um
projeto denominado Cesta Básica". Já teria feito contatos com o
Senado, os Correios, a Saúde, a
Infraero e a BR Distribuidora.
Os acusados foram enquadrados pela PF em pelo menos um
dos quatro crimes apontados no
relatório por causa de suposta
participação em prática de fraude
em quatro licitações realizadas
pelo Ministério da Saúde.
Referem-se a compra de insulina (R$ 127 milhões), aquisição em
caráter emergencial de medicamentos para vítimas de enchentes
(R$ 5,1 milhões), duas licitações
internacionais de hemoderivados
(cerca de R$ 100 milhões) e uma
negociação entre a Saúde e uma
empresa chamada Tropical Trade
no valor de R$ 130 mil.
Nesta semana, a PF iniciou os
depoimentos de representantes
de laboratórios. O primeiro a depor foi Sergio Norschang, da Novonordisk, fornecedora de insulina. Entre os indiciados, além de
Jabour e Honorato, estão os lobistas e representantes de laboratórios Lourenço Peixoto, Laerte
Corrêa Júnior, Eduardo Pedrosa,
Marcelo Pitta e Lino Florentino
(Novonordisk).
Há seis servidores e ex-servidores do ministério indiciados, entre os quais Luiz Cláudio Gomes
da Silva, que ocupava o cargo de
coordenador-geral de Recursos
Logísticos, e Manoel Braga Neto,
um de seus assessores.
A Justiça encaminhará o relatório da PF ao Ministério Público.
Na continuidade das apurações,
a Polícia Federal ouvirá o secretário nacional de Finanças do PT,
Delúbio Soares, citado no depoimento do lobista Honorato.
Exército
Diálogos interceptados pela PF
com autorização da Justiça registram o relacionamento entre Romeu de Amorim, lobista preso na
Operação Vampiro, com um coronel do Exército responsável por
comissão de licitações da pasta.
Amorim teria pago R$ 6.000 ao
oficial durante um processo de licitação para compra de tecidos
pelo ministério no ano passado.
O lobista é dono de uma fábrica
de tecidos e foi o vencedor da concorrência. Em depoimento, Amorim explicou que o dinheiro dizia
respeito a uma dívida antiga.
Segundo investigadores, Amorim é amigo do coronel. A PF vai
abrir novo inquérito para investigar o caso na próxima semana.
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