São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 2006

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PAINEL

Renata Lo Prete
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Agora é jogo

A equipe de Geraldo Alckmin dá início hoje ao que chama de "profissionalização" da disputa presidencial. Numa reunião pilotada por Tasso Jereissati em Brasília, da qual participarão o marqueteiro Luiz Gonzalez e os coordenadores da campanha e do plano de governo, será definida a agenda do tucano para as próximas semanas, seguindo critérios mais claros.
A ordem é visitar os chamados "centros irradiadores de votos" e locais, mapeados pelos aliados, onde Fernando Henrique Cardoso costumava ser bem votado mas que foram perdidos pelo PSDB. Alckmin passará a se deslocar de jatinho e, até o fim da semana, deve ser anunciada toda a estrutura do comitê financeiro, que ficará sob o comando de Miguel Reale Jr.

Elixir. Um pefelista de proa diz que, se Alckmin não subir nas pesquisas até julho, quando começa a campanha, não terá apoio dos caciques regionais: "É como moça rica: à medida que aumenta o dote, aumenta também a beleza".

Ajustes. O acordo de João Santana com o PT depende, agora, de pequenos ajustes finais. Resta definir, por exemplo, se o pacote da campanha de Lula, de cerca de R$ 5 milhões, incluirá a produtora que fará os programas de TV e a contratação de pesquisas.

Monitoramento. A Advocacia Geral da União e a Secretaria Geral da Presidência foram encarregadas de avaliar, a cada viagem de Lula, se há infração à lei eleitoral ou risco de ação da oposição. A agenda de inauguração de Lula tem sido coordenada pelo ministro Luiz Dulci.

Veto à vista. Lula receberá nesta semana estudo de vários ministérios sobre o impacto que a extensão do reajuste do salário mínimo a aposentados e pensionistas teria sobre a Previdência. Informações dadas ao presidente até agora são de que é "impossível" conceder o benefício.

Porteira fechada. O PMDB quer assegurar que, caso Paulo Lustosa vire ministro da Saúde, a Funasa continue na cota do partido. E mais: os peemedebistas buscam garantir previamente que terão o comando da autarquia também num eventual segundo mandato.

Concorrência. Um dos fatores que pesam para que o PSB hesite em apoiar formalmente Lula é que PTB, PL e PP, partidos que também figuram na zona de risco da cláusula de barreira, estão livres na sucessão presidencial.

Matemática. Em muitos Estados, o entrave à aliança do PSB com o PT é a composição das chapas proporcionais. Em Alagoas, se apoiar o PSDB, o partido pode eleger dois deputados federais - a ex-prefeita Kátia Born e Givaldo Carimbão. Com o PT, não faria nenhum.

In memoriam. Leonel Brizola será presença constante na campanha do PDT, que faz hoje sua convenção nacional. O presidente da legenda, Carlos Lupi, diz que a educação, bandeira de Cristovam Buarque, era também a causa máxima do governador.

Boicote. O Estado onde há maior revolta pedetista com o lançamento de Cristovam Buarque é o Maranhão. O senador foi avisado: não será recebido por líderes locais, que acham que a candidatura própria atrapalha Jackson Lago na corrida estadual.

Trégua. José Sarney (PMDB) e João Capiberibe (PSB), adversários históricos no Amapá, costuram um pacto de não agressão na eleição de outubro. Assim, o primeiro garantiria uma reeleição tranqüila e o segundo teria facilitada sua volta ao governo.

Inversão. O ex-governador de Sergipe Albano Franco (PSDB), que se recusava a apoiar o governador João Alves (PFL), voltou atrás e quer indicar os candidatos a vice e a suplente de senador. O pefelista, agora, resiste em aceitar.

Tiroteio

Não foi possível realizar a dança porque a "quadrilha dos 40", escalada na denúncia do procurador-geral da República, não apareceu.


Do senador ÁLVARO DIAS (PSDB-PR) sobre o fato de o "Arraiá do Torto", festa junina promovida pelo presidente Lula, não ter contado com a tradicional dança da quadrilha.

Contraponto

Deu samba

Em 2002, o então ministro de Minas e Energia, José Jorge, foi questionado por jornalistas sobre o aumento de tarifa. Acuado, mudou o assunto para uma "notícia boa":
-Daremos intervalo no racionamento no Carnaval em Salvador, no Rio e em Recife.
O assunto virou manchete, mas causou rebuliço no governo, pois não tinha sido acertado com a equipe.
-Como você faz isso sem combinar?- cobrou Pedro Parente, coordenador do gabinete da crise de energia.
O presidente Fernando Henrique ligou em seguida. Jorge se preparou para o pito, mas se surpreendeu:
-É Carnaval! Vamos fazer a pausa.


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