São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Lula faz "populismo cambial", diz Alckmin

Presidenciável tucano prevê crise econômica para o ano que vem, provocada pela política monetária do governo do PT

Candidato do PSDB aponta falta de controle de gastos federais, mas não menciona problemas financeiros que deixou para sucessor em SP

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, afirmou ontem ver com "preocupação" o caminho tomado pelo Brasil com o "populismo cambial" e "populismo fiscal" do presidente Luiz Inácio Lula e que o resultado disso poderá ser uma grave crise já em 2007.
"Poderemos ter problemas de importação de alimento, problema de inflação, problema de diminuição da balança comercial, desemprego, uma série de questões. Com esse populismo cambial nós estamos desmontando tudo que dá emprego: a indústria têxtil, indústria de sapato, brinquedo, móvel, agora atinge a automobilística, de máquina", afirmou
Para o ex-governador, que nega adotar a teoria do caos, um dos pontos mais preocupantes é a agricultura, crise que ele disse ter sentido melhor com sua visita ao Rio Grande do Sul anteontem. "É absoluto realismo. Nós, infelizmente, tivemos problemas gravíssimos na agricultura. Vai ter que importar alimento? Inflação para cima, custo de comida para cima e emprego, para baixo. As pessoas não estão avaliando bem. Não vai ter efeito agora, mas na safra do ano que vem, é evidente que a safra vai ser muito menor", disse o tucano.
O Palácio do Planalto afirmou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria comentar as declarações do tucano. Procurado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não foi localizado pela reportagem para responder às críticas ao governo petista.
As críticas de Alckmin a Lula foram contrapostas com auto-elogios ao seu governo em São Paulo e com medidas que serão incorporadas ao seu plano de governo. Até para mostrar caminhos possíveis, ele cutucou Lula. "Precisa ter controle dos convênios, dos gastos, controle de dinheiro. A operação sanguessuga é um caso, mas, se você for verificar, quase em todos os ministérios isso deve estar se reproduzindo. Não há controle", alfinetou ele.
O tucano não mencionou, porém, os problemas financeiros enfrentados pelo seu sucessor, Cláudio Lembo (PFL), que suspendeu os gastos no Estado após uma frustração de receita de R$ 311 milhões no primeiro quadrimestre deste ano.
Alckmin falou com os jornalistas ao final do jogo do Brasil em frente ao seu apartamento, no Morumbi, em São Paulo.
A assessoria de Alckmin chegou a anunciar que ele assistiria ao jogo em São Bernardo do Campo, reduto lulista, mas a agenda foi alterada. "Domingo é dia da família. O pessoal do PSDB que iria lá [em São Bernardo] assistir, eu não tinha programado", amenizou.
Pelos cálculos do tucano, Lula não deve se beneficiar caso o Brasil volte campeão. "Cada coisa é uma coisa. São coisas distintas. Não tem nada a ver Copa do Mundo com a escolha de candidato à Presidência da República. É só olhar a última Copa. O Brasil foi campeão e governo perdeu a eleição."


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