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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Lula faz "populismo cambial", diz Alckmin
Presidenciável tucano prevê crise econômica para o ano que vem, provocada pela política monetária do governo do PT
Candidato do PSDB aponta falta de controle de gastos federais, mas não menciona problemas financeiros que deixou para sucessor em SP
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, afirmou ontem ver com "preocupação" o caminho tomado pelo
Brasil com o "populismo cambial" e "populismo fiscal" do
presidente Luiz Inácio Lula e
que o resultado disso poderá
ser uma grave crise já em 2007.
"Poderemos ter problemas
de importação de alimento,
problema de inflação, problema de diminuição da balança
comercial, desemprego, uma
série de questões. Com esse populismo cambial nós estamos
desmontando tudo que dá emprego: a indústria têxtil, indústria de sapato, brinquedo, móvel, agora atinge a automobilística, de máquina", afirmou
Para o ex-governador, que
nega adotar a teoria do caos,
um dos pontos mais preocupantes é a agricultura, crise que
ele disse ter sentido melhor
com sua visita ao Rio Grande do
Sul anteontem. "É absoluto
realismo. Nós, infelizmente, tivemos problemas gravíssimos
na agricultura. Vai ter que importar alimento? Inflação para
cima, custo de comida para cima e emprego, para baixo. As
pessoas não estão avaliando
bem. Não vai ter efeito agora,
mas na safra do ano que vem, é
evidente que a safra vai ser
muito menor", disse o tucano.
O Palácio do Planalto afirmou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que não
iria comentar as declarações do
tucano. Procurado, o ministro
da Fazenda, Guido Mantega,
não foi localizado pela reportagem para responder às críticas
ao governo petista.
As críticas de Alckmin a Lula
foram contrapostas com auto-elogios ao seu governo em São
Paulo e com medidas que serão
incorporadas ao seu plano de
governo. Até para mostrar caminhos possíveis, ele cutucou
Lula. "Precisa ter controle dos
convênios, dos gastos, controle
de dinheiro. A operação sanguessuga é um caso, mas, se você for verificar, quase em todos
os ministérios isso deve estar se
reproduzindo. Não há controle", alfinetou ele.
O tucano não mencionou,
porém, os problemas financeiros enfrentados pelo seu sucessor, Cláudio Lembo (PFL), que
suspendeu os gastos no Estado
após uma frustração de receita
de R$ 311 milhões no primeiro
quadrimestre deste ano.
Alckmin falou com os jornalistas ao final do jogo do Brasil
em frente ao seu apartamento,
no Morumbi, em São Paulo.
A assessoria de Alckmin chegou a anunciar que ele assistiria
ao jogo em São Bernardo do
Campo, reduto lulista, mas a
agenda foi alterada. "Domingo
é dia da família. O pessoal do
PSDB que iria lá [em São Bernardo] assistir, eu não tinha
programado", amenizou.
Pelos cálculos do tucano, Lula não deve se beneficiar caso o
Brasil volte campeão. "Cada
coisa é uma coisa. São coisas
distintas. Não tem nada a ver
Copa do Mundo com a escolha
de candidato à Presidência da
República. É só olhar a última
Copa. O Brasil foi campeão e
governo perdeu a eleição."
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