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Advogado bate boca com aliados de Renan
Pedro Calmon acusa senador de ter pago R$ 9.000 "por fora" a jornalista; peemedebista chama advogado de "Pinóquio"
Almeida Lima diz que pai de Calmon pediu R$ 20 milhões a Renan para abafar o caso; advogado confirma reunião, mas nega ter feito extorsão
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento de mais de
três horas marcado por troca
de ofensas e acusações, aliados
do senador Renan Calheiros
(PMDB-AL) tentaram desqualificar no Conselho de Ética o
advogado Pedro Calmon, que
reagiu dizendo que queriam fazer "uma cortina de fumaça".
Calmon acusou Renan de ter
pago R$ 9.000 mensais "por fora" a Mônica Veloso, de dezembro de 2005 a outubro de 2006,
porque teria declarado à Justiça só ter rendimentos para arcar com uma pensão de R$
3.000. O advogado de Renan,
Eduardo Ferrão, negou a existência de pagamentos por fora.
Renan disse ter recebido R$
1,9 milhão nos últimos quatro
anos com a agropecuária e que
foi com esses recursos que pagou R$ 12 mil mensais à jornalista, com quem tem uma filha,
de abril de 2004 a novembro de
2005. Ao reconhecer a paternidade, em dezembro de 2005, a
pensão foi fixada em R$ 3.000
pela Justiça e passou a ser descontada do contracheque.
Os R$ 12 mil eram entregues
à jornalista pelo lobista Cláudio
Gontijo, da Mendes Júnior,
mas o presidente do Senado
afirma que o dinheiro era seu.
O assunto foi levantado por
um aliado de Renan, o senador
Almeida Lima (PMDB-SE), que
acusou Calmon de chantagear
o presidente do Senado ao ler
uma petição em que o advogado pediria R$ 9.000 por fora.
O advogado de Mônica disse
que o procedimento foi proposto pelo próprio Renan. "Em 23
de dezembro de 2005 o senador declarou que os rendimentos dele eram de R$ 9.225 líquidos. Ele não poderia fazer um
acordo de R$ 12 mil judicialmente", afirmou Calmon: "Foi
proposto à genitora que assinasse um acordo no qual receberia R$ 3.000 oficialmente e
R$ 9 mil oficiosamente, entre
aspas, por fora. Esse acordo foi
até outubro, quando rompeu".
O advogado de Renan disse
que ele nunca pagou a quantia
por fora. Renan chamou Calmon de "Pinóquio". Calmon
disse ter recebido "duas sacolas
de dinheiro" dos advogados de
Renan, em maio e junho de
2006, contendo ao todo R$ 100
mil. Segundo ele, essa quantia
foi paga para complementar a
queda no valor da pensão de R$
12 mil para R$ 3.000.
Já a defesa de Renan afirma
que esses R$ 100 mil constituíram um fundo para custear gastos futuros com a educação da
criança. Calmon reconheceu
ter assinado dois recibos em
que atesta o recebimento do dinheiro para essa finalidade,
mas afirmou que foi coagido.
A tropa de choque do PMDB
utilizou o episódio para tentar
desmoralizar Calmon, já que
ele teria assinado um recibo
que diz ser falso. "Quem fez o
documento foi aquele advogado ali", afirmou Calmon, aos
berros, apontando para Ferrão.
Almeida Lima acusou o pai
do advogado, que também se
chama Pedro Calmon, de ter
pedido R$ 20 milhões a Renan
para abafar o caso no dia 24 de
maio deste ano, véspera da audiência de conciliação do processo, na casa do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA). O
escândalo veio à tona no dia da
audiência por meio da revista
"Veja". Calmon confirma o encontro, mas nega a extorsão.
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