São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Advogado bate boca com aliados de Renan

Pedro Calmon acusa senador de ter pago R$ 9.000 "por fora" a jornalista; peemedebista chama advogado de "Pinóquio"

Almeida Lima diz que pai de Calmon pediu R$ 20 milhões a Renan para abafar o caso; advogado confirma reunião, mas nega ter feito extorsão


FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em depoimento de mais de três horas marcado por troca de ofensas e acusações, aliados do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) tentaram desqualificar no Conselho de Ética o advogado Pedro Calmon, que reagiu dizendo que queriam fazer "uma cortina de fumaça".
Calmon acusou Renan de ter pago R$ 9.000 mensais "por fora" a Mônica Veloso, de dezembro de 2005 a outubro de 2006, porque teria declarado à Justiça só ter rendimentos para arcar com uma pensão de R$ 3.000. O advogado de Renan, Eduardo Ferrão, negou a existência de pagamentos por fora.
Renan disse ter recebido R$ 1,9 milhão nos últimos quatro anos com a agropecuária e que foi com esses recursos que pagou R$ 12 mil mensais à jornalista, com quem tem uma filha, de abril de 2004 a novembro de 2005. Ao reconhecer a paternidade, em dezembro de 2005, a pensão foi fixada em R$ 3.000 pela Justiça e passou a ser descontada do contracheque.
Os R$ 12 mil eram entregues à jornalista pelo lobista Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior, mas o presidente do Senado afirma que o dinheiro era seu.
O assunto foi levantado por um aliado de Renan, o senador Almeida Lima (PMDB-SE), que acusou Calmon de chantagear o presidente do Senado ao ler uma petição em que o advogado pediria R$ 9.000 por fora.
O advogado de Mônica disse que o procedimento foi proposto pelo próprio Renan. "Em 23 de dezembro de 2005 o senador declarou que os rendimentos dele eram de R$ 9.225 líquidos. Ele não poderia fazer um acordo de R$ 12 mil judicialmente", afirmou Calmon: "Foi proposto à genitora que assinasse um acordo no qual receberia R$ 3.000 oficialmente e R$ 9 mil oficiosamente, entre aspas, por fora. Esse acordo foi até outubro, quando rompeu".
O advogado de Renan disse que ele nunca pagou a quantia por fora. Renan chamou Calmon de "Pinóquio". Calmon disse ter recebido "duas sacolas de dinheiro" dos advogados de Renan, em maio e junho de 2006, contendo ao todo R$ 100 mil. Segundo ele, essa quantia foi paga para complementar a queda no valor da pensão de R$ 12 mil para R$ 3.000.
Já a defesa de Renan afirma que esses R$ 100 mil constituíram um fundo para custear gastos futuros com a educação da criança. Calmon reconheceu ter assinado dois recibos em que atesta o recebimento do dinheiro para essa finalidade, mas afirmou que foi coagido.
A tropa de choque do PMDB utilizou o episódio para tentar desmoralizar Calmon, já que ele teria assinado um recibo que diz ser falso. "Quem fez o documento foi aquele advogado ali", afirmou Calmon, aos berros, apontando para Ferrão.
Almeida Lima acusou o pai do advogado, que também se chama Pedro Calmon, de ter pedido R$ 20 milhões a Renan para abafar o caso no dia 24 de maio deste ano, véspera da audiência de conciliação do processo, na casa do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA). O escândalo veio à tona no dia da audiência por meio da revista "Veja". Calmon confirma o encontro, mas nega a extorsão.


Texto Anterior: PF aponta contradição nos papéis de Renan
Próximo Texto: Decisão: STF arquiva pedido de jornalista contra Renan
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.