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PF aponta contradição nos papéis de Renan
Laudo do INC vê conflito entre as datas nas quais Renan teria vendido gado e aquelas em que há ingresso do dinheiro
Polícia diz que documentos do senador são verdadeiros, mas que não teve tempo de checar se as transações das notas realmente ocorreram
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O laudo elaborado pelo INC
(Instituto Nacional de Criminalística), órgão da Polícia Federal, compromete a versão do
presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), ao
apontar conflito entre as datas
nas quais ele teria vendido lotes
de gado e aquelas em que há registro de ingresso em suas contas bancárias do valor obtido
com a transação comercial.
Para evitar ser processado,
Renan apresentou documentos
com o objetivo de comprovar licitude e suficiência de rendimentos por meio dos quais pagou pensão alimentícia nos últimos anos para uma filha que
teve fora de seu casamento.
Entre os papéis há notas fiscais e GTAs (Guias de Transporte de Animais), documentos
usados por Renan para justificar, no Conselho de Ética, que a
venda de gado de sua propriedade em Murici (AL) serviu como fonte de recursos legítimos
para o pagamento da pensão.
Feita a análise pelos peritos
do INC, que trabalharam em
Maceió ao longo de todo o dia
de ontem, a conclusão foi que a
documentação apresentada
por Renan é materialmente
verdadeira, ou seja, seguiu os
trâmites de emissão, tramitação e registro no âmbito das secretarias de Agricultura e de
Fazenda do Estado de Alagoas.
Em Brasília, outro grupo de
peritos do INC se debruçou sobre os extratos bancários apresentados por Renan. Surgiu daí
a identificação de inconsistências entre as datas das transações com gado e o dinheiro que
alimentou seu saldo bancário.
Renan afirma que tirou de
sua própria conta o dinheiro da
pensão alimentícia. As quantias seriam repassadas mensalmente ao lobista da Mendes
Júnior Cláudio Gontijo, encarregado de fazer os pagamentos.
O laudo que a PF apresentará
ao Conselho de Ética não é conclusivo. Deixará claro que, pelo
tempo exíguo, não se fez uma
análise fundamental: checar se
as transações apontadas nas
notas fiscais realmente ocorreram e de que forma estariam
(ou não) registradas na contabilidade dos compradores que
negociariam com Renan.
Ou seja: não fica descartada a
hipótese de eventual falsidade
ideológica encoberta pelos documentos materialmente verdadeiros. O trabalho dos peritos em Maceió foi acompanhado pelo diretor da Secretaria de
Controle Interno do Senado,
Shalom Einstoss Granado. A
secretaria é um órgão auxiliar
do TCU, responsável por auditar as contas do Congresso.
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