São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2007

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Lobista da Mendes Júnior diz ter falado de obra com Renan

Cláudio Gontijo diz que o senador visitou obra em Maceió e que dinheiro dado a Mônica Veloso era do presidente do Senado

Empreiteira afirma que "não pediu a Renan nenhuma emenda para direcionar verbas" e que ele não influiu "na liberação das verbas"


ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O lobista Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior, admitiu ontem que tratou de assunto de interesse da empreiteira com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Ao Conselho de Ética do Senado Gontijo disse que conversou com ele sobre o porto de Maceió, onde a empreiteira é responsável pela construção de um cais de contêineres, e que Renan chegou a visitar a obra.
Questionado por Demóstenes Torres (DEM-GO) se já havia tratado de assunto da empreiteira com Renan, primeiro Gontijo negou. Foi questionado de novo: "Nunca pediu uma emenda, nunca falou das dificuldades da empresa?". Respondeu: "Falei do porto de Maceió, que a obra estava paralisada e ele visitou a obra lá".
Apesar de negar que atue como lobista, Gontijo disse que procurou a bancada de Alagoas na Câmara para tentar incluir emendas no Orçamento da União para a obra do porto. "O único projeto que temos em Alagoas é o porto de Maceió, que foi licitado em 2000 e contratado em 2001. Eu pedi a toda a bancada de Alagoas que colocasse dinheiro nessa obra, mas nunca o fizeram. Agora, emenda individual tem muitas."
Em nota divulgada em maio, quando a Folha revelou que Renan apresentou emendas para a obra, a Mendes Júnior disse que "não pediu a Renan nenhuma emenda para direcionar verbas" e que "Renan não influenciou na liberação das verbas". Gontijo não revelou quando falou com Renan.
O lobista confirmou que fez pagamentos mensais à jornalista Mônica Veloso atendendo a um pedido do senador, que vivia um caso extraconjugal, mas disse que o dinheiro era do presidente do Senado. "Não existe um único centavo nem meu e nem da Mendes Júnior", disse Gontijo.
À comissão Gontijo disse que pegava o dinheiro "na casa e das mãos de Renan" e o repassava à jornalista sempre em dinheiro. Ele guardava o dinheiro em sua casa até chegar o dia 5 de cada mês quando repassava o valor à jornalista.
Em algumas ocasiões, o montante era depositado na conta dela e, em outras ocasiões, entregue em dinheiro em encontros em restaurantes, uma vez na sede da empresa e algumas vezes dentro do carro.
O lobista negou que a Mendes Júnior tenha financiado o senador e observou que na sede da empresa em Brasília não tem cofre, apenas um caixa pequeno de R$ 3.000 para contas próprias da empreiteira.

A pensão
Conforme o lobista, inicialmente ele repassava R$ 8.000 a Mônica, mas, nos dois meses que antecederam o nascimento da filha, o valor aumentou para R$ 12 mil porque o senador contratou uma empresa de segurança para atendê-la. A empresa cobrava R$ 2.000 a cada 15 dias. Renan teria ficado contrariado com o acréscimo na "mesada", mas foi convencido por Gontijo de que o melhor era atender a vontade da jornalista.
Gontijo confirmou ainda que Renan freqüentava seu apartamento num hotel de Brasília e revelou que não era apenas ele. O lobista disse que o senador tinha um flat no mesmo hotel, mas que reclamava muito que não era rentável manter o apartamento. Por isso, Gontijo decidiu comprar dele o flat.
"Comprei e paguei em cheque nominal. Depois, no final de 2003, início de 2004, passei para o meu nome", disse.


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