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Lobista da Mendes Júnior diz ter falado de obra com Renan
Cláudio Gontijo diz que o senador visitou obra em Maceió e que dinheiro dado a Mônica Veloso era do presidente do Senado
Empreiteira afirma que "não pediu a Renan nenhuma emenda para direcionar verbas" e que ele não influiu "na liberação das verbas"
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O lobista Cláudio Gontijo, da
Mendes Júnior, admitiu ontem
que tratou de assunto de interesse da empreiteira com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Ao Conselho de Ética do Senado Gontijo disse que conversou com ele sobre o porto de
Maceió, onde a empreiteira é
responsável pela construção de
um cais de contêineres, e que
Renan chegou a visitar a obra.
Questionado por Demóstenes Torres (DEM-GO) se já havia tratado de assunto da empreiteira com Renan, primeiro
Gontijo negou. Foi questionado de novo: "Nunca pediu uma
emenda, nunca falou das dificuldades da empresa?". Respondeu: "Falei do porto de Maceió, que a obra estava paralisada e ele visitou a obra lá".
Apesar de negar que atue como lobista, Gontijo disse que
procurou a bancada de Alagoas
na Câmara para tentar incluir
emendas no Orçamento da
União para a obra do porto. "O
único projeto que temos em
Alagoas é o porto de Maceió,
que foi licitado em 2000 e contratado em 2001. Eu pedi a toda
a bancada de Alagoas que colocasse dinheiro nessa obra, mas
nunca o fizeram. Agora, emenda individual tem muitas."
Em nota divulgada em maio,
quando a Folha revelou que
Renan apresentou emendas
para a obra, a Mendes Júnior
disse que "não pediu a Renan
nenhuma emenda para direcionar verbas" e que "Renan
não influenciou na liberação
das verbas". Gontijo não revelou quando falou com Renan.
O lobista confirmou que fez
pagamentos mensais à jornalista Mônica Veloso atendendo
a um pedido do senador, que
vivia um caso extraconjugal,
mas disse que o dinheiro era do
presidente do Senado. "Não
existe um único centavo nem
meu e nem da Mendes Júnior",
disse Gontijo.
À comissão Gontijo disse que
pegava o dinheiro "na casa e
das mãos de Renan" e o repassava à jornalista sempre em dinheiro. Ele guardava o dinheiro em sua casa até chegar o dia
5 de cada mês quando repassava o valor à jornalista.
Em algumas ocasiões, o
montante era depositado na
conta dela e, em outras ocasiões, entregue em dinheiro em
encontros em restaurantes,
uma vez na sede da empresa e
algumas vezes dentro do carro.
O lobista negou que a Mendes Júnior tenha financiado o
senador e observou que na sede
da empresa em Brasília não
tem cofre, apenas um caixa pequeno de R$ 3.000 para contas
próprias da empreiteira.
A pensão
Conforme o lobista, inicialmente ele repassava R$ 8.000 a
Mônica, mas, nos dois meses
que antecederam o nascimento
da filha, o valor aumentou para
R$ 12 mil porque o senador
contratou uma empresa de segurança para atendê-la. A empresa cobrava R$ 2.000 a cada
15 dias. Renan teria ficado contrariado com o acréscimo na
"mesada", mas foi convencido
por Gontijo de que o melhor era
atender a vontade da jornalista.
Gontijo confirmou ainda que
Renan freqüentava seu apartamento num hotel de Brasília e
revelou que não era apenas ele.
O lobista disse que o senador tinha um flat no mesmo hotel,
mas que reclamava muito que
não era rentável manter o apartamento. Por isso, Gontijo decidiu comprar dele o flat.
"Comprei e paguei em cheque nominal. Depois, no final
de 2003, início de 2004, passei
para o meu nome", disse.
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