São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2007

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Caso Waldomiro pode ter elo no exterior

Ministério Público vê indícios de que a renegociação do contrato da CEF com a GTech envolveu pagamentos em outros países

Waldomiro Diniz, Carlinhos Cachoeira e os ex-diretores da GTech no Brasil terão de prestar novos depoimentos aos procuradores federais


ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal afirma haver indícios de que a renegociação do contrato milionário da Caixa Econômica Federal com a GTech para o gerenciamento do sistema de loterias no Brasil envolveu pagamentos suspeitos no exterior.
Com base na análise da quebra de sigilo das contas bancárias que a multinacional de informática mantém em vários países do mundo, além de quebras de sigilo bancário e fiscal obtidas pela CPI dos Bingos, encerrada no ano passado, os procuradores José Robalinho e Lívia Tinôco iniciam hoje uma nova rodada de coleta de depoimentos relacionados ao caso.
A lista de novos depoimentos começa com o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz, o empresário de jogos Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e os ex-diretores da GTech no Brasil Marcelo Rovai e Antonio Carlos Lino da Rocha -todos eles já haviam sido ouvidos no inquérito e também na CPI.
A renovação do contrato da CEF com a GTech para gestão do sistema de loterias por cerca de R$ 700 milhões em abril de 2003 se transformou no primeiro escândalo do governo Lula. Waldomiro, que foi o braço direito do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), teria sido um dos intermediários procurados pela GTech para garantir o negócio com o banco estatal.
"A GTech não agiu por uma linha só. Acionou mais de um canal para conseguir a renovação do contrato. Não temos nenhuma dúvida de que houve irregularidades. Há pagamentos feitos pela GTech no exterior que consideramos suspeitos", disse Robalinho. Segundo o procurador, outro canal buscado pela empresa foi o advogado Rogério Buratti, ligado ao ex-ministro da Fazenda e hoje deputado Antonio Palocci.
Executivos da GTech disseram em depoimento que Buratti e Waldomiro teriam cobrado R$ 16 milhões para garantir a renovação do contrato com a Caixa. Afirmam não ter pago.
Estão sob análise pagamentos feitos pela GTech para a MM Consultoria e a ONG IBDS (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social). Entre dezembro de 2002 e junho de 2003, a GTech pagou R$ 5,09 milhões à MM. Para o IBDS foram R$ 386,36 mil, em fevereiro daquele ano.
Robalinho disse à Folha que diretores, servidores e ex-servidores da Caixa (entre os quais o ex-presidente Jorge Mattoso) "estão sob investigação do Ministério Público".
O procurador pretende esclarecer as razões de "uma mudança estranha de comportamento do banco na renovação do contrato com a GTech: havia todo um caminho traçado para não renovar ou renovar o negócio por um curto período. Mas renovaram por 25 meses".

Outro Lado
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Caixa disse que não irá se pronunciar pois não foi informada sobre a investigação relacionada a seus diretores ou de qualquer novidade no caso.
O advogado Luiz Guilherme Vieira, que defende Waldomiro, não respondeu ao recado deixado pela Folha na tarde de ontem no seu celular. A reportagem não conseguiu fazer contato com a GTech: os números disponíveis no serviço de telefonia estavam ocupados ou a ligação não se completava.


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