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Caso Waldomiro pode ter elo no exterior
Ministério Público vê indícios de que a renegociação do contrato da CEF com a GTech envolveu pagamentos em outros países
Waldomiro Diniz, Carlinhos Cachoeira e os ex-diretores da GTech no Brasil terão de prestar novos depoimentos aos procuradores federais
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
afirma haver indícios de que a
renegociação do contrato milionário da Caixa Econômica
Federal com a GTech para o gerenciamento do sistema de loterias no Brasil envolveu pagamentos suspeitos no exterior.
Com base na análise da quebra de sigilo das contas bancárias que a multinacional de informática mantém em vários
países do mundo, além de quebras de sigilo bancário e fiscal
obtidas pela CPI dos Bingos,
encerrada no ano passado, os
procuradores José Robalinho e
Lívia Tinôco iniciam hoje uma
nova rodada de coleta de depoimentos relacionados ao caso.
A lista de novos depoimentos
começa com o ex-subchefe de
Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz, o
empresário de jogos Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e
os ex-diretores da GTech no
Brasil Marcelo Rovai e Antonio
Carlos Lino da Rocha -todos
eles já haviam sido ouvidos no
inquérito e também na CPI.
A renovação do contrato da
CEF com a GTech para gestão
do sistema de loterias por cerca
de R$ 700 milhões em abril de
2003 se transformou no primeiro escândalo do governo
Lula. Waldomiro, que foi o braço direito do ex-ministro José
Dirceu (Casa Civil), teria sido
um dos intermediários procurados pela GTech para garantir
o negócio com o banco estatal.
"A GTech não agiu por uma
linha só. Acionou mais de um
canal para conseguir a renovação do contrato. Não temos nenhuma dúvida de que houve irregularidades. Há pagamentos
feitos pela GTech no exterior
que consideramos suspeitos",
disse Robalinho. Segundo o
procurador, outro canal buscado pela empresa foi o advogado
Rogério Buratti, ligado ao ex-ministro da Fazenda e hoje deputado Antonio Palocci.
Executivos da GTech disseram em depoimento que Buratti e Waldomiro teriam cobrado
R$ 16 milhões para garantir a
renovação do contrato com a
Caixa. Afirmam não ter pago.
Estão sob análise pagamentos feitos pela GTech para a
MM Consultoria e a ONG IBDS
(Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social). Entre dezembro de 2002 e junho de
2003, a GTech pagou R$ 5,09
milhões à MM. Para o IBDS foram R$ 386,36 mil, em fevereiro daquele ano.
Robalinho disse à Folha que
diretores, servidores e ex-servidores da Caixa (entre os
quais o ex-presidente Jorge
Mattoso) "estão sob investigação do Ministério Público".
O procurador pretende esclarecer as razões de "uma mudança estranha de comportamento do banco na renovação
do contrato com a GTech: havia todo um caminho traçado
para não renovar ou renovar o
negócio por um curto período.
Mas renovaram por 25 meses".
Outro Lado
Por meio de sua assessoria de
imprensa, a Caixa disse que não
irá se pronunciar pois não foi
informada sobre a investigação
relacionada a seus diretores ou
de qualquer novidade no caso.
O advogado Luiz Guilherme
Vieira, que defende Waldomiro, não respondeu ao recado
deixado pela Folha na tarde de
ontem no seu celular. A reportagem não conseguiu fazer
contato com a GTech: os números disponíveis no serviço
de telefonia estavam ocupados
ou a ligação não se completava.
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