São Paulo, sexta-feira, 19 de junho de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Pergunte ao Agaciel

Quando for questionado sobre o esquema que permitiu manter por 14 anos mais de 600 atos secretos no Senado, o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi dirá que a determinação ou não de publicar vinha de Agaciel Maia. Ao RH cabia apenas cumprir as ordens do diretor-geral, argumentará.
Zoghbi -já indiciado pela polícia do Senado no caso do crédito consignado- tem repetido que não assinou nenhum dos atos secretos sob investigação. Em sua narrativa, os papéis chegavam ao RH somente para um "ato burocrático". A "decisão política" era tomada por Agaciel, que, desde a chegada ao posto, em 1995, centralizou tudo o que se referia a cargos -principal assunto dos atos trancados na gaveta.



Contra-informação. Tão logo surgiu o nome de Franklin Paes Landim como alguém capaz de explicar o modo de funcionamento dos atos secretos do Senado, um assessor do desgastado diretor-geral, Alexandre Gazineo, saiu a campo para difundir a versão de que o funcionário "não sabe nada" sobre o assunto.

Olha a cobra! Está prevista para terça-feira, véspera de São João, a divulgação do relatório da comissão encarregada de apurar os atos secretos. Nesse dia, o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), deverá voltar do repouso pós-cirúrgico. Os senadores, mesmo os do Nordeste, prometem comparecer.

Melhor dizendo. A expressão "atos não publicados", que José Sarney (PMDB-AP) e aliados tentam emplacar no lugar de "atos secretos", está sendo comparada na praça a "recursos não contabilizados", que os petistas cunharam no mensalão.

Basta ler. Se concretizada, a intenção de não atribuir responsabilidades no relatório final sobre os atos secretos será exclusivamente política. A simples leitura do papelório permite identificar a cadeia de comando que resultou no ocultamento das decisões.

Bons olhos. Enquanto muitos petistas rejeitam enfaticamente a ideia, Aloizio Mercadante admite a possibilidade de transformar Ciro Gomes (PSB-CE) em candidato ao governo de São Paulo: "O PT tem de estar aberto. Ciro tem história política e compromisso com nosso projeto".

Não morre. A defesa do terceiro mandato foi aprovada ontem por grupos de trabalho dentro do congresso dos metalúrgicos de São Paulo. Hoje, irá a votação plenária.

No escuro 1. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) puxou o tapete do PT na CPI da Conta de Luz. Além de não ter emplacado José Nobre Guimarães (CE) na presidência, o partido não conseguiu adiar a instalação. Em protesto, petistas abandonaram a sessão de ontem e ameaçam nem participar da comissão.

No escuro 2. Eduardo da Fonte (PP-PE), afilhado de Severino Cavalcanti, ficou com a presidência. Alexandre Santos (PMDB-RJ), homem de Eduardo Cunha, virou relator. O esquema desagradou também a oposição. José Carlos Aleluia (DEM-BA) pediu desligamento da CPI.

Titãs. A cerimônia de anúncio da sede da Olimpíada de 2016, no dia 2 de outubro em Copenhague, terá dois "reis" do esporte em lados opostos: em defesa do Rio, Lula irá acompanhado de Pelé; à frente do lobby pró-Chicago, Obama levará Michael Jordan.

Colunista. O "Diário da Manhã", de Goiânia, anunciou que passará a publicar artigos de Delúbio Soares. Indagado pelo jornal sobre planos futuros, o tesoureiro do mensalão respondeu que seu coração "está apenas matutando".

Visita à Folha. Valter Pereira (PMDB-MS), senador, visitou ontem a Folha. Estava com Marco Antonio Freitas, assessor de imprensa.

Tiroteio

Talvez agora o país possa tomar conhecimento do real motivo do atraso no Maranhão. Isso é rotina no Estado que ele controla há 40 anos.

De JACKSON LAGO (PDT), que por decisão do TSE teve de entregar o governo do Maranhão a Roseana, sobre a série de acusações envolvendo o presidente do Senado, José Sarney.

Contraponto

Cabeça dinossauro

Convidado especial do congresso dos metalúrgicos de São Paulo, Ciro Gomes tentava ontem baixar a bola de declarações feitas pelo colega Paulinho da Força, tais como:
-Nordestino a gente conhece pela cabeça...
-E pela pisada- desconversou Ciro, que nasceu no interior paulista, mas fez carreira política no Ceará.
Como Paulinho insistisse em falar da cabeça, o deputado e ex-ministro resolveu contemporizar:
-É sinal de inteligência, você quer dizer...
Mas Paulinho não desistiu. Ao entregar um boné da Força Sindical a Ciro, disse que não tinha certeza se o presente iria servir, devido ao tamanho da cabeça.
-Cabeção é a mãe!- concluiu Ciro, vestindo o boné.


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