São Paulo, Sábado, 19 de Junho de 1999
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PAINEL

Marcado para morrer

A sorte de João Batista Campelo, demitido ontem da direção Polícia Federal, estava decidida desde que apareceu a denúncia de seu envolvimento com a tortura. FHC pediu uma investigação apenas para ganhar tempo e articular uma saída política.

Pista livre

Apesar de ter sido articulada à revelia do Planalto, a manifestação tucana contrária à manutenção de Campelo na PF acabou vindo a calhar para o governo. Serviu para descaracterizar a saída do delegado como uma vitória de Renan Calheiros (Justiça), que chegara a pedir demissão por causa da nomeação.

Manobra fracassada

Não houve vencedores na crise da PF. Mas os tucanos Pimenta da Veiga (Comunicações), Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE) perderam mais. Tentaram, de novo, sem sucesso, aproveitar a ocasião para tirar Renan Calheiros (PMDB) da Justiça.

Querendo acreditar

O PMDB gelou ao saber da conversa Covas-ACM. Temia que os dois tivessem celebrado aliança para tirá-lo do governo. Hoje trabalha com a versão de que o baiano se convidou para o almoço no Bandeirantes e de que nada definitivo foi acertado entre o tucano e o pefelista.

Na fila da sucessão

Tucanos já têm três candidatos ao posto de João Batista Campelo, demitido ontem da direção geral da Polícia Federal: Marcelo Itagiba, Nascimento Paulino e Rubens Abraão Tanuri.

Pelo telefone

Piadinha pefelista: o secretário Eduardo Graeff (Relações Institucionais) precisa desobrigar Moreira Franco (PMDB-RJ) do relógio de ponto. Desde que passou a dar expediente no Planalto, como articulador político, o ex-deputado não apareceu mais para bater papo na Câmara.

Lobby poderoso

Só saiu a fórceps a nota de apoio do PSDB a Aloysio Nunes Ferreira, relator da reforma do Judiciário, que está sob intenso tiroteio por ter proposto o fim da Justiça do Trabalho. Nada contra o deputado. É que ninguém quer mexer nesse vespeiro.

Mui amigos

Renan Calheiros (Justiça) e Alberto Cardoso (Casa Militar) conversaram anteontem. Devem voltar a se encontrar na próxima semana. Depois de terem se desentendido na escolha do diretor-geral da PF, querem provar que se dão muito bem.

Uma no cravo...

Em busca de um partido, o prefeito paulistano, Celso Pitta, enviou ontem um telegrama de solidariedade a Michel Temer. Classificou os ataques que o peemedebista recebeu de ACM de ""acusações injustas".

...outra na ferradura

Claudio Lembo, presidente do PFL-SP, e Gilberto Kassab, que as más línguas dizem ser o dono da legenda em SP, estiveram ontem de manhã com Pitta. A sigla aceita voltar ao governo. Mas quer as quatro secretarias prometidas por Maluf durante a campanha de Pitta, em 96.

Blefe de resultados

Suplente de deputado federal, Ademar de Barros Filho ameaçou trocar o PPB pelo PMDB e se deu bem. Deverá ser eleito, amanhã, presidente do PPB paulista na convenção do partido.

Por exclusão

Caso precise cassar algum dos acusados na CPI da máfia dos fiscais, o bloco situacionista na Câmara paulistana já tem seu bode expiatório. Será José Izar (PFL). Dizem que ele é "egoísta, chato e arrogante".

Sem contratempos

Pela primeira vez em sua história, o PT paulistano não deverá ter prévia entre pré-candidatos à prefeitura. Marta Suplicy está com o caminho livre.

Visita à Folha

O deputado federal Gilberto Kassab (PFL-SP), presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara, visitou ontem a Folha.

TIROTEIO


Do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), sobre os recentes ataques do presidente do Senado, ACM, ao presidente da Câmara, Michel Temer, e ao STF (Supremo Tribunal Federal):
- ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu continência para os militares, bateu palmas para Collor e quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata uma dor de consciência e bata em retirada.

CONTRAPONTO

A turma do Inocêncio
Com o projeto de reforma dos Correios a ponto de ser enviado ao Congresso, a direção da ECT -escolhida nos tempos de Serjão e afinada por isso com os tucanato- tratou de convidar, para sucessivas visitas, as principais bancadas partidárias.
Anteontem foi a vez do PFL, que chegou com duas dezenas de deputados, liderados por Inocêncio Oliveira (PE).
Os pefelistas gostaram da idéia da criação de uma empresa pública, a Correios do Brasil S/A. Ficaram a bem da verdade entusiasmados. Tanto que Inocêncio se comprometeu a ser um "apologista" da reforma.
O entusiasmo foi bem maior do que o mostrado há dias pelo grupo de visitantes do PSDB.
Um dos diretores dos Correios perguntou então ao deputado Carlos Melles (MG) se havia para isso explicação.
Sua resposta:
- A gente é assim mesmo. Não fazemos rodeio e andamos em turma o tempo todo.


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