São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PUBLICITÁRIO

Parlamentares vão analisar dados provenientes da quebra de sigilos; depoimento seria na 5ª

Oposição quer adiar ida de Valério à CPI dos Correios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A oposição quer adiar o depoimento do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, previsto para a próxima quinta-feira, na CPI dos Correios. Antes de reconvocá-lo, os parlamentares pretendem analisar dados provenientes da quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Senadores e deputados do PFL e do PSDB também preferem ouvir primeiro a mulher do publicitário, Renilda Santiago, e a gerente financeira da agência SMPB Simone Vasconcelos, que participaria do pagamento do suposto "mensalão" a parlamentares.
A volta de Valério à CPI nesta semana foi acertada pelo presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), depois de o publicitário mudar sua versão sobre os saques milionários feitos em dinheiro vivo nas contas bancárias das agências de publicidade das quais ele é sócio.
Na CPI, Marcos Valério afirmou que as retiradas eram para pagar fornecedores. Agora, ele e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares afirmam que as agências de publicidade tomaram empréstimos bancários e repassaram para o partido. Os saques de dinheiro teriam sido feitos por pessoas indicadas por Delúbio.

Versões
"Está claro que eles estão montando versões, e cada versão desmente a última. Seria melhor ouvir primeiro a Renilda e a Simone", disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator.
O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), no entanto, insiste em ouvir Valério nesta semana. "É para não paralisar a CPI. E se for necessário o chamamos de novo depois. Quem disse que só posso ouvi-lo duas vezes?", disse Serraglio.
Está marcado para hoje o depoimento do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e para amanhã o de Delúbio. A oposição e o relator vão tentar fazer ligação entre o dinheiro repassado por Valério ao PT e os contratos do publicitário feitos com órgãos públicos.
O ex-tesoureiro e Valério tentaram restringir as acusações a um crime eleitoral, confessando a existência de um caixa dois nas campanhas petistas.

Prisão
A Polícia Federal avalia a possibilidade de pedir à Justiça a prisão de Marcos Valério. A iniciativa depende de investigação sobre a queima de notas de fiscais da DNA, descoberta pela Polícia Civil, na semana passada, em diferentes locais de Belo Horizonte.
Segundo a PF, em primeiro lugar, é preciso saber se o material destruído constituía algum tipo de prova para os inquéritos que investigam a atuação de Valério. Decisivo, então, será reunir elementos para confirmar a eventual participação do empresário nos bastidores da queima.
A legislação ampara o pedido de prisão preventiva em caso de se comprovar que os investigados tentaram destruir provas.


Texto Anterior: Banco do Brasil afasta mais dois
Próximo Texto: BMG diz que vai cobrar dívida de R$ 25 milhões de sócios de Valério
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.