São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

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Petistas envolvidos geram desconforto e crítica no partido

ANDREZA MATAIS
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O envolvimento de petistas com influência no partido e no governo na Operação Satiagraha gerou desconforto entre dirigentes, que discutirão o tema na próxima reunião da Executiva Nacional em agosto. Os petistas estão incomodados com o fato de a investigação ter chegado perto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
A atuação do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) como advogado de Daniel Dantas e o uso de sua influência no Planalto para privilegiar clientes é criticada e já há quem defenda nos bastidores seu afastamento do diretório. A principal queixa é que dirigentes com relevância política já deveriam ter aprendido, com escândalos como o do mensalão, que qualquer fato envolvendo petistas respinga no presidente Lula e agora, em Dilma, ganhando superdimensão.
No partido, a avaliação é que Greenhalgh, o chefe-de-gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, e o deputado José Eduardo Cardozo, secretário-geral do PT, tiveram atuação menor, pois o foco da operação era esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teve origem na privatização das teles. "Se o caso for aprofundado, não vai chegar ao PT, mas a outros lugares", disse o deputado Candido Vacarezza (PT-SP).
"Ele [Greenhalgh], como dirigente partidário, não deveria assumir a defesa de pessoas desse tipo. Acho que, quando temos representação política, precisamos ter esse cuidado. Não é de hoje que esse cidadão [Dantas] vem sendo denunciado. Se sabe que é pessoa nefasta, mas não podemos proibi-lo de advogar", disse Raul Pont (RS), do Diretório Nacional.
Dirigente ligado à corrente de Greenhalgh, Construindo um Novo Brasil (ex-Campo Majoritário), afirmou que por ora o PT não pedirá, mas seria recomendável que ele se licenciasse. No PT, a situação de Greenhalgh está sendo comparada à do ex-ministro José Dirceu, que, atingido pelo mensalão, deixou de ser associado a Lula e ao PT. Cardozo, que teria usado prerrogativas do mandato para defender interesses de Dantas, já havia sido cobrado por sua atuação pró-banqueiro quando concorreu a presidente do PT em 2007.


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