São Paulo, domingo, 19 de julho de 2009

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) - painel@uol.com.br

Delubianas

A cúpula do PT acompanha com preocupação a desenvoltura com que o secretário de Finanças da sigla, Paulo Ferreira, derrama promessas milionárias no Rio Grande do Sul em troca de apoio a sua pré-candidatura a deputado federal no ano que vem. Em reuniões com dirigentes de clubes de futebol, sindicatos e até escolas de samba, Ferreira promete intermediar patrocínios junto a empresas e ao governo federal.
No fim de semana passado, o sucessor de Delúbio Soares na tesouraria do PT reuniu cerca de mil dirigentes de escolas de samba numa feijoada em Porto Alegre. Ao discursar, Ferreira prometeu apoiar a criação de uma federação estadual do samba e a obter patrocínios de até R$ 1 milhão para o Carnaval de 2010.



Patrono. "As entidades carnavalescas têm ele como candidato, e ele vai ter um apoio muito grande", diz Romeu Nascimento, presidente da Associação de Escolas de Samba de Santa Maria, que esteve no almoço, com chope e transporte grátis.

Outro lado. Ferreira diz que tem relação com escolas e clubes de futebol há muitos anos e que, graças a ele, pela primeira vez neste ano o Carnaval gaúcho teve financiamento da Lei Rouanet. Ele diz que a ajuda não tem relação com uma pré-candidatura, mas não nega a intenção de concorrer a deputado.

Ativo. No Rio, o ex-assessor da Casa Civil Marcelo Sereno também já colocou o bloco da campanha a federal na rua, oferecendo dobradas e suporte financeiro para deputados estaduais e vereadores que vão concorrer à Assembleia.

Bastão. Se a Construindo um Novo Brasil conseguir fazer o sucessor na tesouraria, o mais cotado é João Vaccari Neto, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ligado a Luiz Gushiken e Ricardo Berzoini.

Todos os lados. Há cerca de 15 dias, num jantar na casa do deputado Geraldo Magela (PT-DF), a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) dividiu com os convidados a preocupação com a divisão interna do PT, hoje com quatro pré-candidatos à presidência.

Na dela. Mesmo entre amigos, Dilma foi bastante cautelosa ao falar da candidatura. Disse que tudo que a oposição quer é que ela se apresente, para então atacá-la.

Stand by. O delegado Protógenes Queiroz enviou recado à cúpula do PSOL de que ainda não fechou com o PDT.

Estágio. O senador João Pedro (PT-AM), que presidirá a CPI da Petrobras após o recesso de julho, embarcou para a Cisjordânia, área conflagrada pelo conflito israelo-palestino. Vai a um evento a convite de uma tal Sociedade Árabe Brasileira do Amazonas.

Confinado. Pressionado, José Sarney (PMDB-AP) quer distância dos holofotes. A última vez que esteve ao lado de Lula num ato público foi em 17 de junho, na sanção da lei que transfere a Roraima e ao Amapá terras da União. Sua ausência foi especialmente notada na Marcha dos Prefeitos, na semana passada.

Script 1. Apesar do recesso, que tende a esfriar a crise no Senado, a oposição dá como certo que o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), não resistirá muito tempo na cadeira quando começar a exposição diária na TV da blindagem montada pela ala sarneyzista.

Script 2. "É o roteiro Cafeteira", ironiza um tucano, em alusão à ascensão e queda fulminantes do senador maranhense na relatoria do primeiro processo contra Renan Calheiros (PMDB-AL).

Filtro. Dezenas de servidores que trabalham no cafezinho do Senado estão em pânico nos últimos dias. Motivo: todos estão na lista de 200 funcionários da Casa nomeados por ato secreto.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Não é a primeira vez que um seleto grupo de parlamentares viaja com despesas pagas pelo lobby francês. Deveriam aproveitar a estadia na Europa para conhecer outras tecnologias."

Do deputado JÚLIO DELGADO (PSB-MG), sobre a viagem de deputados à França, paga pelo governo francês e pela empresa Dassault, no momento em que o Brasil negocia a compra de caças.

Contraponto

Abin à mineira

Quando presidente, Itamar Franco dava um trabalho danado para seus seguranças, sobretudo quando viajava para Juiz de Fora (MG). Geralmente, ele ia de avião até o Rio e, de lá, seguia viagem para Minas de carro. Detalhe: não admitia ser seguido por nenhum comboio, o que obrigava sua equipe a recorrer até a lunetas.
Um dia, numa viagem, ele telefonou, preocupado:
- Comandante, estou sendo seguido por um Fusca - disse, ao chefe de segurança.
Ao que este respondeu:
- Não se preocupe, presidente. Somos nós, camuflados, monitorando o senhor.


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