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OFENSIVA OFICIAL
Governo aproveita vitória na votação da reforma da Previdência na Câmara para tentar melhorar imagem
Lula se expõe na mídia para reagir a desgaste
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A maior ofensiva de imprensa
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva desde que tomou posse, com
entrevistas a jornalistas, é fruto de
cálculo político. Lula aguardou
um fato positivo de peso, a aprovação em primeiro turno na Câmara da proposta de reforma da
Previdência, para tocar questões
que aceleraram o desgaste do governo nos últimos dois meses.
Das questões incômodas, quatro se destacaram, na avaliação do
Planalto: 1) imagem de leniência
em relação ao MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra); 2) o temor do mercado em
relação a uma eventual perda de
força de Antonio Palocci Filho
(Fazenda); 3) a queda do investimento estrangeiro direto, atribuída pelo governo a dúvidas em relação ao modelo de agências reguladoras; e 4) o custo político inesperadamente alto, com desgaste
no funcionalismo público e no Judiciário, para aprovar a reforma
da Previdência.
Segundo avaliação do Planalto,
a união dessas dificuldades levou
o governo a viver seu momento
de maior dificuldade entre meados de junho e o início deste mês,
quando foi aprovado em primeiro turno na Câmara o texto principal da reforma da Previdência.
Transmitiu-se, nesse período,
uma imagem de ameaça de perda
de controle político e de ineficiência gerencial, crê o governo.
Ofensiva
Com a aprovação da reforma,
Lula e sua equipe de comunicação
decidiram que era a hora de uma
ofensiva de mídia.
Foi nesse contexto que Lula, depois de fazer, na quinta-feira, pronunciamento de 11 minutos em
cadeia nacional de rádio e TV, optou por conceder entrevistas exclusivas (à "Veja" e ao "Fantástico", da Rede Globo), bem como
por receber um grupo de jornalistas amanhã, em Brasília.
Com auxiliares, elaborou-se um
roteiro de temas incômodos que o
presidente deveria abordar. Pesquisas do próprio governo revelaram desaprovação ao aumento de
invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e ao
tipo de reforma agrária defendida
pelo movimento.
Nas entrevistas, Lula disse não
concordar com o tipo de reforma
agrária pregada pelo MST e afirmou, no "Fantástico", que ela não
será feita "na marra".
Servidores
Pesquisas ainda acusaram desgaste na batalha para aprovar a reforma da Previdência. Lula foi
chamado de "traidor" por servidores públicos, também aliados
históricos do petismo. Nas entrevistas, Lula defendeu a reforma
como garantia de aposentadoria
futura para os trabalhadores.
A advertência na revista "Veja"
de que perderá quem apostar
contra Palocci e a imagem no
"Fantástico" do ministro caminhando de manhã com Lula no
Alvorada foram reafirmação do
poder do titular da Fazenda.
Segundo apurou a Folha, o presidente e o ministro-chefe da Casa
Civil, José Dirceu, avaliaram que
uma eventual queda de Antonio
Palocci Filho geraria uma crise
cambial imediata.
Por último, Lula falou que
anunciará em breve o chamado
"marco regulatório". Serão divulgadas diretrizes suavizando as críticas do governo às agências reguladoras e reafirmando o compromisso com regras claras para investimentos.
Será uma correção a ataques de
Lula às agências -há poucos meses, ele disse que o Brasil havia sido "terceirizado".
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