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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE
Em sessão tumultuada, governistas conseguem impedir intimação de presidente do BC, de Okamotto e de Toninho da Barcelona
CPI poupa Meirelles, mas mira a Gamecorp
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em sessão tumultuada, os governistas conseguiram ontem rejeitar, na CPI dos Correios, a convocação do presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, do
doleiro Antonio Claramunt, conhecido como Toninho da Barcelona, e do presidente do Sebrae,
Paulo Okamotto.
Apesar da operação governista,
foi aprovado em bloco, por consenso e em votação simbólica, um
pedido que atinge o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Foi pedida uma cópia da ata da reunião
do conselho diretor da Telemar
na qual foi aprovada a compra de
ações da empresa Gamecorp. A
empresa pertence a Fábio Luiz, filho de Lula, e há suspeita por parte da oposição de tráfico de influência no investimento.
Toda confusão começou quando os deputados Antonio Carlos
Magalhães Neto (PFL-BA) e Onyx
Lorenzoni (PFL-RS) pediram
preferência para votar a convocação e quebra de sigilo bancário de
Okamotto, que declarou ter quitado uma dívida de R$ 29,4 mil de
Lula com o PT, após duas semanas de silêncio do Planalto.
Os pefelistas argumentaram ser
necessário comprovar a operação
e seu registro nas declarações de
Imposto de Renda, sob risco de o
presidente ter cometido crime fiscal. A estratégia dos dois era "expor a operação-abafa" do governo. Petistas gritavam "moleques".
O governo, que tem a maioria
dos integrantes na CPI, ganhou
com margens apertadas, contando até com o voto do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que foi criticado. Com isso,
os requerimentos referentes a
Okamotto, Meirelles e Toninho
da Barcelona seguem pendentes.
No debate sobre a convocação
de Meirelles para explicar a fiscalização pelo Banco Central das
operações do Banco Rural, ACM
Neto voltou a ser chamado de
moleque e reagiu: "O presidente
Lula é o advogado dos corruptos
neste país. Ninguém mais duvida
que ele tenha responsabilidade".
Nenhum governista se prontificou a defender Meirelles. Sob a insistência constrangida do presidente da CPI, senador Delcídio
Amaral (PT-MS), o deputado
Maurício Rands (PT-PE) se apresentou e acusou a oposição de ter
uma "atitude golpista".
Na discussão sobre o doleiro, os
governistas tentaram descredenciar o depoimento que Toninho
havia feito a integrantes da CPI
em São Paulo, quando envolveu
petistas. "É o primeiro doleiro
que vejo que tem especialização
partidária", disse o deputado
Henrique Fontana (PT-RS).
A senadora Heloísa Helena
(PSOL-AL) ironizou: "Pelo amor
de Deus ou de Karl Marx! Que se
ache um doleiro que trabalhou
para o PSDB porque ninguém
agüenta mais isso!"
Governistas também conseguiram evitar que o depoimento do
ex-ministro Luiz Gushiken ficasse
para a próxima semana.
Uma nova prioridade é a reconvocação, aprovada sem conflito,
de Maurício Marinho, servidor
dos Correios que teria confirmado na Procuradoria Geral da República que Roberto Jefferson
(PTB-RJ) comandava um esquema de corrupção na estatal.
Vitórias
De última hora, a senadora Ideli
Salvatti (PT-SC) conseguiu tirar
da lista um pedido que investigaria supostas viagens do filho de
Lula ao Japão antes de fechar negócio com a Telemar.
Outra vitória importante do governo foi o envio de 40 requerimentos para a CPI do Mensalão,
incluindo a convocação de Daniel
Dantas, do grupo Opportunity, e
outros nomes ligados ao escândalo do "mensalão". A oposição
conseguiu reter na CPI dos Correios as convocações dos ex-dirigentes do PT, José Genoino e
Marcelo Sereno.
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