São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE

Em sessão tumultuada, governistas conseguem impedir intimação de presidente do BC, de Okamotto e de Toninho da Barcelona

CPI poupa Meirelles, mas mira a Gamecorp

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em sessão tumultuada, os governistas conseguiram ontem rejeitar, na CPI dos Correios, a convocação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, do doleiro Antonio Claramunt, conhecido como Toninho da Barcelona, e do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto.
Apesar da operação governista, foi aprovado em bloco, por consenso e em votação simbólica, um pedido que atinge o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi pedida uma cópia da ata da reunião do conselho diretor da Telemar na qual foi aprovada a compra de ações da empresa Gamecorp. A empresa pertence a Fábio Luiz, filho de Lula, e há suspeita por parte da oposição de tráfico de influência no investimento.
Toda confusão começou quando os deputados Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) e Onyx Lorenzoni (PFL-RS) pediram preferência para votar a convocação e quebra de sigilo bancário de Okamotto, que declarou ter quitado uma dívida de R$ 29,4 mil de Lula com o PT, após duas semanas de silêncio do Planalto.
Os pefelistas argumentaram ser necessário comprovar a operação e seu registro nas declarações de Imposto de Renda, sob risco de o presidente ter cometido crime fiscal. A estratégia dos dois era "expor a operação-abafa" do governo. Petistas gritavam "moleques".
O governo, que tem a maioria dos integrantes na CPI, ganhou com margens apertadas, contando até com o voto do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que foi criticado. Com isso, os requerimentos referentes a Okamotto, Meirelles e Toninho da Barcelona seguem pendentes.
No debate sobre a convocação de Meirelles para explicar a fiscalização pelo Banco Central das operações do Banco Rural, ACM Neto voltou a ser chamado de moleque e reagiu: "O presidente Lula é o advogado dos corruptos neste país. Ninguém mais duvida que ele tenha responsabilidade".
Nenhum governista se prontificou a defender Meirelles. Sob a insistência constrangida do presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), o deputado Maurício Rands (PT-PE) se apresentou e acusou a oposição de ter uma "atitude golpista".
Na discussão sobre o doleiro, os governistas tentaram descredenciar o depoimento que Toninho havia feito a integrantes da CPI em São Paulo, quando envolveu petistas. "É o primeiro doleiro que vejo que tem especialização partidária", disse o deputado Henrique Fontana (PT-RS).
A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) ironizou: "Pelo amor de Deus ou de Karl Marx! Que se ache um doleiro que trabalhou para o PSDB porque ninguém agüenta mais isso!"
Governistas também conseguiram evitar que o depoimento do ex-ministro Luiz Gushiken ficasse para a próxima semana.
Uma nova prioridade é a reconvocação, aprovada sem conflito, de Maurício Marinho, servidor dos Correios que teria confirmado na Procuradoria Geral da República que Roberto Jefferson (PTB-RJ) comandava um esquema de corrupção na estatal.

Vitórias
De última hora, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) conseguiu tirar da lista um pedido que investigaria supostas viagens do filho de Lula ao Japão antes de fechar negócio com a Telemar.
Outra vitória importante do governo foi o envio de 40 requerimentos para a CPI do Mensalão, incluindo a convocação de Daniel Dantas, do grupo Opportunity, e outros nomes ligados ao escândalo do "mensalão". A oposição conseguiu reter na CPI dos Correios as convocações dos ex-dirigentes do PT, José Genoino e Marcelo Sereno.


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