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Duda diz aos amigos que deveria ter se calado na CPI
JULGAMENTO DO MENSALÃO Em agosto de 2005, publicitário admitiu ter recebido R$ 10,5 milhões do empresário Marcos Valério no exterior, por meio de caixa dois
Afirmação a parlamentares agravou a crise do governo e do PT; Lula considera aquele um dos momentos mais duros de seu 1º mandato
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O publicitário Duda Mendonça se arrepende do depoimento que deu em 11 de agosto
de 2005 à CPI dos Correios,
quando admitiu ter recebido
R$ 10,5 milhões de Marcos Valério no exterior. Em desabafo a
amigos diz que errou e que deveria ter ficado calado.
Sem combinar estratégia
com o governo, Duda disse que
recebera o dinheiro, via caixa
dois, em pagamento de campanhas para o PT em 2002. Pensou que na CPI, na qual havia
antigos clientes seus, poderia
encontrar apoio se falasse a
verdade. Sentia-se chantageado por Valério, que vazara a informação do pagamento.
Hoje, a defesa de Duda alega
que ele "declarou espontaneamente a propriedade da Dusseldorf Company Ltd. [offshore] e recolheu todos os impostos", extinguindo-se a punibilidade de eventuais crimes contra a ordem tributária. "Extinta
a punibilidade do crime-fim, o
mesmo deve ocorrer com relação ao crime-meio [depósito
não-declarado no exterior]".
O depoimento na CPI agravou a crise do governo. O presidente Lula considera aquele
um dos momentos mais duros,
no qual temeu até a possibilidade processo de impeachment.
Nesse período de crise, Duda
manteve as contas da Petrobras
e do Ministério da Saúde. Até
hoje o governo teme que ele faça revelações. Adversários
vêem na manutenção das contas uma forma de mantê-lo longe dos holofotes.
Responsável pela vitoriosa
campanha que levou Lula à
Presidência em 2002, Duda foi
um dos mais influentes conselheiros até a explosão do mensalão. Hoje, tem uma vida relativamente discreta. Sua agência, a Duda Mendonça e Associados, perdeu clientes importantes no setor privado (Guaraná Antarctica, por exemplo) e
reduziu o tamanho de seus escritórios. No mercado paulista,
cuida da conta da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas).
Recentemente, fez a campanha
do Jogos Pan-Americanos.
Aos 63 anos, Duda dá expediente durante a semana na
agência em Salvador. Nas folgas, vai para a casa de praia no
litoral sul baiano e para duas fazendas, no interior do Estado e
no Pará (esta com 5 mil cabeças
de gado). Em 2006, entrou em
depressão e teve implantadas
quatro pontes de safena. Atualmente, sua empresa de marketing político (CEP) não está na
ativa. Por ora, não tem planos
de voltar às campanhas políticas.
(KENNEDY ALENCAR)
Colaborou FREDERICO VASCONCELOS,
da Reportagem Local
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