São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007

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Duda diz aos amigos que deveria ter se calado na CPI

JULGAMENTO DO MENSALÃO Em agosto de 2005, publicitário admitiu ter recebido R$ 10,5 milhões do empresário Marcos Valério no exterior, por meio de caixa dois

Afirmação a parlamentares agravou a crise do governo e do PT; Lula considera aquele um dos momentos mais duros de seu 1º mandato

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O publicitário Duda Mendonça se arrepende do depoimento que deu em 11 de agosto de 2005 à CPI dos Correios, quando admitiu ter recebido R$ 10,5 milhões de Marcos Valério no exterior. Em desabafo a amigos diz que errou e que deveria ter ficado calado. Sem combinar estratégia com o governo, Duda disse que recebera o dinheiro, via caixa dois, em pagamento de campanhas para o PT em 2002. Pensou que na CPI, na qual havia antigos clientes seus, poderia encontrar apoio se falasse a verdade. Sentia-se chantageado por Valério, que vazara a informação do pagamento.
Hoje, a defesa de Duda alega que ele "declarou espontaneamente a propriedade da Dusseldorf Company Ltd. [offshore] e recolheu todos os impostos", extinguindo-se a punibilidade de eventuais crimes contra a ordem tributária. "Extinta a punibilidade do crime-fim, o mesmo deve ocorrer com relação ao crime-meio [depósito não-declarado no exterior]". O depoimento na CPI agravou a crise do governo. O presidente Lula considera aquele um dos momentos mais duros, no qual temeu até a possibilidade processo de impeachment.
Nesse período de crise, Duda manteve as contas da Petrobras e do Ministério da Saúde. Até hoje o governo teme que ele faça revelações. Adversários vêem na manutenção das contas uma forma de mantê-lo longe dos holofotes. Responsável pela vitoriosa campanha que levou Lula à Presidência em 2002, Duda foi um dos mais influentes conselheiros até a explosão do mensalão. Hoje, tem uma vida relativamente discreta. Sua agência, a Duda Mendonça e Associados, perdeu clientes importantes no setor privado (Guaraná Antarctica, por exemplo) e reduziu o tamanho de seus escritórios. No mercado paulista, cuida da conta da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas).
Recentemente, fez a campanha do Jogos Pan-Americanos. Aos 63 anos, Duda dá expediente durante a semana na agência em Salvador. Nas folgas, vai para a casa de praia no litoral sul baiano e para duas fazendas, no interior do Estado e no Pará (esta com 5 mil cabeças de gado). Em 2006, entrou em depressão e teve implantadas quatro pontes de safena. Atualmente, sua empresa de marketing político (CEP) não está na ativa. Por ora, não tem planos de voltar às campanhas políticas. (KENNEDY ALENCAR)


Colaborou FREDERICO VASCONCELOS, da Reportagem Local


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