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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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MISSÃO ESTRATÉGICA

Assessor do PT, que se casa com Marta amanhã, coordenará conta do partido

Duda contrata Favre por R$ 20 mil

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O publicitário Duda Mendonça contratou o assessor do PT Luis Favre para trabalhar em sua empresa de marketing político, como um dos coordenadores da conta petista e de contratos internacionais.
Favre, 54, que se casa amanhã com a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, 58, receberá R$ 20 mil por mês, mais participação dos lucros da DMMP (Duda Mendonça Marketing Político). "É uma cabeça política muito boa. Conhece o PT, no que me ajudará bastante", diz Duda, sobre o novo contratado.
Na campanha presidencial do ano passado, Favre já havia trabalhado com Duda, sendo responsável pela comunicação entre a agência do publicitário e o partido. Atuará diretamente na campanha de Marta à reeleição.
A DMMP foi apelidada por Duda de agência Estrela, porque atenderá exclusivamente a contas do PT no Brasil. Por meio dos diretórios nacional, estaduais e municipais, o PT deve pagar à empresa cerca de R$ 15 milhões em 2003.
"A agência não trabalha nem trabalhará para o governo federal, para governos estaduais ou para prefeituras", diz Duda.
Essa foi a forma que achou para tentar diferenciá-la da Duda Mendonça e Associados, que detém, com outras duas agências, a conta institucional do governo Luiz Inácio Lula da Silva, orçada em R$ 150 milhões.
Como contratado de Duda, Favre assessorou neste mês o prefeito de Buenos Aires, Anibal Ibarra, candidato de centro-esquerda reeleito no domingo passado, ao derrotar Maurício Macris, de centro-direita.
Duda recebeu propostas para participar de campanhas eleitorais em Portugal, no México e na África. Se fechadas, Favre deve participar de algumas delas por ser tido como homem de bons contatos internacionais.
Em 2 de maio deste ano, chegou a ser publicada no "Diário Oficial da União" a nomeação de Favre como assessor especial da Subchefia de Assuntos Federativos da Casa Civil da Presidência. Receberia R$ 6.300 mensais, valor que corresponde à segunda maior faixa salarial de funcionário comissionado (DAS 102.5) do governo federal.
Nascido na Argentina e detentor de nacionalidade francesa, a nomeação de Favre esbarrou em problemas jurídicos.
Em 1998, emenda constitucional proposta pelo governo Fernando Henrique Cardoso permitiu a contratação de estrangeiros para o serviço público. Na regulamentação, especificou-se que se tratava de professores do ensino público.
A contratação de Favre foi publicada no entendimento de que a Constituição proíbe a discriminação entre brasileiros natos e estrangeiros. Então, seria permitida a contratação de estrangeiros para o serviço público, até 1998 cargo restrito a brasileiros. Mas o entendimento da Advocacia Geral da União foi a de que era necessário uma lei para regulamentar especificamente esse acesso.


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