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SOMBRA POLÍTICA
Buratti é suspeito de intermediar contratos de empresas de lixo
Ministério Público investiga ação de ex-assessor de Palocci
Edson Silva/Folha Imagem
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Grupo de promotores aguarda no 1º DP de Ribeirão Preto a entrega de documentos apreendidos |
ROGÉRIO PAGNAN
JOEL SILVA
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Ministério Público de São
Paulo investiga "veementes indícios" de que o advogado Rogério
Tadeu Buratti -ex-secretário do
ministro Antonio Palocci (Fazenda) na Prefeitura de Ribeirão Preto em 1994 e denunciado pelo Ministério Público Federal no escândalo Waldomiro Diniz- recebeu
"vultosas quantias em razão de
intermediação de contratos" da
empresa de lixo Leão Leão com
prefeituras municipais paulistas.
A informação consta de um recurso apresentado à Justiça pelos
advogados de Buratti para contestar a apreensão de documentos na
sua casa em Ribeirão Preto, em
operação realizada pelo Ministério Público na última segunda.
A petição dos advogados não
revela quais seriam os indícios,
que integrariam um procedimento que tramita sob sigilo, aberto
em março último por promotores
do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e
Repressão ao Crime Organizado).
"Não bastasse todo o relatado,
existem, até aqui, veementes indícios de que o sr. Rogério Tadeu
Buratti, vice-presidente do Grupo
Leão Leão, recebeu vultosas
quantias em razão da intermediação de contratos da referida empresa com várias prefeituras municipais e referidas quantias
-decorrentes de tais crimes perpetrados- estão depositadas em
cofres existentes em sua residência", diz o trecho do pedido de
busca e apreensão transcrito pelos advogados de defesa de Buratti na petição ajuizada para pedir a
devolução de parte do material.
A operação achou R$ 4.350,00 e
US$ 4.400 na casa de Buratti.
Os promotores investigam contratos da Leão Leão em pelo menos cinco municípios paulistas.
O principal foco é uma licitação
de R$ 22,5 milhões aberta pela
Prefeitura de Sertãozinho, administrada pelo PSDB.
O Ministério Público suspeita
que o processo tenha sido direcionado desde o início para que a
Leão Leão vencesse.
A empreiteira, na qual Buratti
exerceu a vice-presidência até
março, quando pediu afastamento, foi a principal doadora da
campanha eleitoral de Antonio
Palocci à prefeitura em 2000, com
declarados R$ 150 mil.
Apesar de ter deixado a gestão
de Palocci na prefeitura em meio
a acusações de manipulação de licitações públicas (cuja base era
uma fita gravada pelo próprio advogado), Buratti dois anos depois
manteve uma sociedade com o
atual chefe-de-gabinete de Palocci, Juscelino Antônio Dourado,
numa provedora de internet, segundo a Folha revelou em março
último. Depois Palocci acrescentou que Dourado foi também padrinho de casamento de Buratti.
A sociedade foi desfeita em 98.
A reportagem apurou que Buratti e sua mulher, Elza Gonçalves
Siqueira, continuam filiados ao
Partido dos Trabalhadores de São
Paulo mesmo após sua saída da
prefeitura, em 1994, e do escândalo Waldomiro Diniz, segundo o
último registro entregue pelo PT
ao Tribunal Superior Eleitoral.
Buratti, que no final dos anos 80
também foi assessor parlamentar
do atual ministro-chefe da Casa
Civil, José Dirceu, na Assembléia
Legislativa paulista, foi ao centro
do caso Waldomiro após o depoimento prestado à Polícia Federal
pelo ex-presidente da empresa
multinacional GTech Antonio
Carlos Lino da Rocha.
O executivo afirmou que o ex-assessor parlamentar de José Dirceu, Waldomiro Diniz, havia
orientado a empresa a pagar R$ 6
milhões para Buratti em troca da
renovação do contrato de R$ 650
milhões que a empresa mantinha
com a Caixa Econômica Federal.
A GTech confirma as tratativas
com Diniz e Buratti, mas sempre
nega ter pago o dinheiro.
Em março, após a revelação de
Lino da Rocha, a imprensa noticiou que a empresa de Buratti, a
BBS Consultores, havia declarado
como endereço da sede à Receita
Federal a residência em Jardinópolis (SP) de uma copeira da Leão
Leão, que para tanto declarou ser
remunerada pela empreiteira.
Além da BBS, Buratti criou a Assessorarte, hoje administrada pela
sua irmã, Rosangela. A empresa
assinou cerca de cem contratos
com administrações municipais
diversas desde 1999.
Em março, a imprensa revelou
que o patrimônio de Buratti havia
saltado de R$ 13 mil, em 1994, para pelo menos R$ 1,4 milhão. Depois, os promotores descobriram
que Buratti controlava uma fazenda de 68 alqueires, 158 cabeças
de gado e 52 mil pés de café em
Pedregulho (SP).
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