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Crise do dossiê derruba assessor especial de Lula
Freud Godoy nega ser intemediador de compra de documento
PFL e PSDB comemoram impacto na candidatura de petista
Tuca Vieira/Folha Imagem
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Freud Godoy deixa a sede da Polícia Federal em São Paulo após prestar depoimento espontâneo |
A 13 dias das eleições, o suposto envolvimento de
Freud Godoy, assessor especial do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, na compra do dossiê contra José
Serra e Geraldo Alckmin, trouxe a crise para dentro do
Palácio do Planalto. Freud teve o nome citado pelo ex-policial federal Gedimar Pereira Passos, que trabalhava com "tratamento de informações" na campanha de
Lula e foi preso na sexta-feira em um hotel em São
Paulo com o petista Valdebran Padilha, ambos flagrados com R$ 1,7 milhão para a compra do dossiê que ligava os tucanos à máfia dos sanguessugas. Em depoimento à Polícia Federal ontem, em São Paulo, Freud,
que trabalhava com Lula desde sua primeira campanha presidencial, negou ter intermediado a compra de
dossiê preparado pela família Vedoin (donos da Planam, principal empresa do esquema). Exonerado do
cargo ontem, ele disse que Lula lhe telefonou. Freud
disse ter aconselhado o presidente a "dormir tranqüilo". A empresa de segurança do assessor possui vínculos comerciais com o PT. A oposição já comemora o
impacto do caso na eleição. Alckmin solicitou ontem
que o Tribunal Superior Eleitoral investigue o caso.
Em São Paulo, o candidato do PT, Aloizio Mercadante, pediu que o tema fique fora dos palanques.
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acusado de ter negociado um
dossiê contra os tucanos José
Serra e Geraldo Alckmin,
Freud Godoy pediu exoneração
ontem do cargo de assessor especial da Secretaria Particular
da Presidência da República. A
exoneração será publicada no
"Diário Oficial" de hoje.
Freud foi citado no depoimento do advogado Gedimar
Passos, preso na sexta-feira pela PF num hotel em São Paulo
com o petista Valdebran Padilha. Os dois tinham cerca de R$
1,7 milhão, supostamente destinado à compra do dossiê.
No governo de Luiz Inácio
Lula da Silva, Freud ocupava o
chamado DAS 5, cargo de confiança cuja escala vai de um a
seis. O salário é de R$ 6.300
mais benefícios. Freud ocupava
uma sala no terceiro andar do
Palácio do Planalto, próxima ao
gabinete de Lula.
Ontem pela manhã, Freud
recebeu um telefonema de Lula, no qual foi negociada sua
exoneração do cargo. A seguir,
enviou sua carta de demissão
ao chefe-de-gabinete do presidente, Gilberto Carvalho. O pedido foi aceito. Carvalho não
comentou o caso.
Freud se apresentou espontaneamente ontem à Polícia
Federal de São Paulo para negar seu envolvimento na compra do dossiê.
De acordo com o seu advogado, Augusto Arruda Botelho,
Freud negou qualquer envolvimento no episódio, mas admitiu conhecer Gedimar por conta da contratação da empresa
de segurança da sua mulher pelo comitê do PT em Brasília.
"As acusações feitas pelo senhor Gedimar são absolutamente inverídicas, absurdas e
inverossímeis. Muito mais se
assemelham a declarações de
uma pessoa desesperada, que
está presa, numa situação difícil", disse Botelho.
O advogado não soube informar se o contrato intermediado por Gedimar chegou a ser
assinado. Disse que Freud e o
acusador se encontraram duas
ou três vezes. "O último encontro do sr. Freud com o sr. Gedimar foi casual, de os dois se
cumprimentarem na sede do
partido, há cerca de 30 dias."
Ele não soube informar também que papel o advogado desempenhava no PT de Brasília.
"Pela informação que a gente
tem, ele trabalhava no comitê.
[O contato dele com Freud] foi
absolutamente pontual, para
tratar desses assuntos [contratação da segurança]."
Botelho disse ainda que o seu
cliente e Gedimar chegaram a
ser submetidos a uma acareação, mas Gedimar ficou em silêncio, sob o argumento de que
seus advogados não tiveram
acesso à investigação da PF.
Alencar
O presidente da República
interino, José Alencar, afirmou
ontem em Brasília ter "absoluta segurança" de que o ex-assessor especial da Presidência
Freud Godoy, acusado de envolvimento no dossiê contra
candidatas tucanos, "é uma
pessoa correta".
Alencar disse considerar
"gravíssima" a acusação de uma
pessoa tão próxima a Lula, mas
não acredita na participação de
Freud. "Considero gravíssimo
[o caso], só que isso não significa que seja um fato. Significa
que é uma informação, por isso
temos de examinar. Eu conheço o rapaz, tenho absoluta segurança de que ele é uma pessoa correta, eu não acredito que
ele tenha perfil para fazer uma
coisa dessas, sinceramente",
disse o vice-presidente, que
ocupa o cargo de presidente
porque Lula está em Nova
York, para uma conferência da
ONU.
Na chegada aos Estados Unidos, Lula não quis comentar as
suspeitas sobre seu assessor.
(ROGÉRIO PAGNAN, EDUARDO SCOLESE E PEDRO DIAS LEITE)
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