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PT quer unir processos de Renan, e votação é adiada
Conselho de Ética deixa para a semana que vem decisão sobre segunda acusação
Governistas e oposição se dividem ao avaliar se fusão de casos favorece ou não senador; há dúvida sobre legalidade da proposta
Lula Marques/Folha Imagem
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Envolto pelo cabelo de Ideli Salvatti, o senador Romero Jucá (PMDB) conversa com a petista em reunião da CPI do Apagão |
SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma semana após o Senado
absolver seu presidente, Renan
Calheiros (PMDB-AL), o PT capitaneou ontem articulação para unificar a votação dos outros
processos de cassação de mandato que pesam contra ele e
acelerar o desfecho da crise.
A proposta apresentada no
plenário levou ao adiamento da
votação do segundo processo
contra Renan, sobre o caso
Schincariol, que estava agendado para hoje no Conselho de
Ética. Amanhã, a Mesa Diretora deve se decidir sobre a abertura de um quarto processo.
Pressionado pelo próprio
partido, o relator do caso, João
Pedro (PT-AM), desistiu de pedir o arquivamento da denúncia. Ele cogitou renunciar à relatoria e depois foi convencido
a sugerir que o caso fique "sobrestado" (paralisado). "Sobrestar é uma manifestação legal, é voto." Com o impasse, o
presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO),
adiou a votação para quarta.
A articulação do PT, levada
ao plenário pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), era
desejo antigo dos aliados de Renan. Desde a primeira representação contra ele (o caso Mônica Veloso), renanzistas tentavam anexar todas as denúncias
para tentar que os processos
mais frágeis conduzissem os
demais ao arquivamento.
Regimento
No entanto, líderes do governo e da oposição se dividiram
ao avaliar se a fusão dos processos favorece ou não o alagoano.
Também há dúvidas sobre como essa junção ocorreria e se
teria amparo no regimento.
"O posicionamento de cada
senador tem de ser, em última
instância, o posicionamento
em relação ao mandato. Será
incompreensível para a sociedade se continuarmos votando
separadamente e "fatiadamente" essa questão", disse Mercadante, que pediu que Renan se
licencie -na votação da semana passada, optou por se abster
e foi criticado até no PT.
A ação de Mercadante foi
considerada dúbia. De um lado,
trabalharia para minimizar o
desgaste de Renan juntando os
processos. Do outro, acenaria à
oposição ao pedir a licença.
A indefinição que paira sobre
a proposta é se será escolhido
um relator para todos os processos ou se eles correrão paralelamente, embora votados numa mesma sessão no plenário.
"Tenho que levar à bancada.
Vejo com reserva", disse o líder
do DEM, José Agripino Maia
(RN). "Juntar os processos,
não. Votar em bloco, vamos
analisar", declarou o líder do
PSDB, Arthur Virgílio (AM).
Além do caso Schincariol,
Renan responde a um terceiro
processo sobre uso de "laranjas" na compra de rádios e deverá enfrentar o quarto, que o
acusa de integrar um esquema
de desvio de recursos de ministérios chefiados pelo PMDB.
Arquivamento
Antes, João Pedro defendia o
arquivamento da denúncia de
que Renan fez tráfico de influência para beneficiar a cervejaria. Para tomar sua decisão,
ele não ouviu a Receita nem
convocou testemunhas. "O voto está preparado. Não ouvi a
empresa nem o INSS. Tenho
duas manifestações, que são a
do PSOL e a defesa do Renan."
Além de "esperar" pela tramitação dos demais processos,
o argumento que sustenta o
adiamento é que a Câmara não
concluiu a investigação sobre o
deputado Olavo Calheiros
(PMDB-AL), irmão de Renan.
Renan negou pedido dos senadores para priorizar a discussão sobre o fim das sessões secretas para cassação de mandato. Também rechaçou pedido
do PSDB para agilizar a tramitação da Proposta de Emenda à
Constitucional que impõe o voto aberto e o afastamento da
Mesa Diretora de quem enfrenta processos de cassação.
"A pauta está trancada por
medidas provisórias. Então,
nenhuma matéria pode tramitar senão as medidas provisórias, a não ser as [indicações] de
autoridades", disse Renan.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve receber hoje
Renan, que foi convidado para
participar de cerimônia no Planalto e aceitou. Ele deve conversar reservadamente com
Lula antes ou após o evento.
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