São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2007

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Renan volta e tem a 1ª derrota no plenário

Oposição deixa de votar nome do Planalto para o Dnit após senador não pôr em discussão fim do voto secreto em cassação de mandatos

Antes de sofrer revés, presidente do Senado afirmou que não pedirá licença do mandato e nem pretende tirar férias

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que não pedirá licença do mandato e nem pretende tirar férias. Apesar disso, foi derrotado no plenário pela oposição, que faz uma "obstrução seletiva" das votações.
A derrota de Renan aconteceu porque o governo não conseguiu reunir 41 votos para aprovar, ontem à noite, a indicação de Luiz Antonio Pagot para a diretoria-geral do Dnit (Departamento Nacional e Infra-Estrutura em Transportes).
Apenas 38 senadores deram o quórum para votar após os líderes do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e do DEM, Agripino Maia (RN), orientarem os senadores a se retirar. O placar só é aberto com 41 votantes. Ontem foi a primeira sessão deliberativa realizada no plenário do Senado depois da absolvição do presidente da Casa.
A oposição queria, para votar a indicação ao Dnit, que Renan colocasse em discussão o fim do sigilo e do voto secreto nas sessões de cassação de mandato. No plenário, Renan negou pedido dos senadores. Também rechaçou pedido do PSDB para agilizar a tramitação da PEC (Proposta de Emenda à Constitucional) que impõe o voto aberto e a necessidade de afastamento da Mesa Diretora de senadores que enfrentam processos de cassação.
"A nossa pauta está trancada por medidas provisórias. Então, nenhuma matéria legislativa pode tramitar senão as medidas provisórias, a não ser as [indicações] de autoridades", afirmou Renan. Há uma lista de indicações à espera do aval do Senado.

Críticas
Além de Pagot, o governo espera que outros nomes sejam aprovados para diversos cargos no governo, entre eles o de Paulo Lacerda, nomeado para a direção da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Pela manhã, Renan criticou o senadores que ainda defendem sua saída do cargo. "Em todo Parlamento democrático do mundo cabe à maioria decidir e à minoria compreender."
"Licença, essa coisa não existe. Férias, nunca existiu. Até terça-feira [da semana passada], a decisão era minha. Mas, depois de quarta, a decisão em relação à minha inocência e permanência é do Senado", disse, antes de assumir a cadeira da presidência para conduzir a sessão de ontem.
Renan foi absolvido pelo plenário, em sessão e votação secretas, por 40 votos a 35. Houve seis abstenções. Ele ainda enfrenta outros dois processos de cassação por quebra de decoro em andamento e um novo deverá ser aberto amanhã.

Conversa com Lula
O peemedebista também negou que tenha encontro agendado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Falo com o presidente toda vez que é necessário, com muita naturalidade, mas não tem nada de urgente para conversar", disse. E emendou: "Eu ligo pala ele, ele liga para mim. Nunca houve dificuldade".
Segundo a Folha apurou, Renan pretende falar por telefone com o presidente Lula, para analisar o melhor momento para terem um encontro pessoalmente.
Segundo aliados, Renan e Lula devem se encontrar hoje depois de um evento no Planalto em que o presidente do Senado foi convidado.
Mais tarde, em outra entrevista, Renan foi lacônico ao responder sobre a proposta de fusão dos demais processos que enfrenta na Casa. "Tem que seguir a legislação", disse.
(SILVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS)


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