São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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SABATINA DA FOLHA
GILBERTO KASSAB

ELEIÇÕES 2008

Kassab discorda do DEM e diz que Lula faz "uma boa gestão"

Prefeito, porém, afirma que rival é Marta, elogia Maluf e quer Alckmin no 2º turno

CONTRARIANDO orientação de seu partido, o DEM, o prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Kassab, elogiou, em sabatina à Folha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar das 23 menções ao governador José Serra (PSDB) e de apontar a petista Marta Suplicy como sua rival, Kassab disse que Lula "faz uma boa gestão". "Tem sido um bom presidente para a cidade." Em resposta a Geraldo Alckmin (PSDB), que na TV associa seu nome a Celso Pitta, Kassab alegou que o ex-prefeito está hoje ao lado do tucano. Kassab foi entrevistado pelos editores de Brasil, Fernando de Barros e Silva, e Cotidiano, Rogério Gentile, pela colunista Mônica Bergamo e pelo editor responsável do "Agora", Nilson Camargo. Em duas horas de sabatina, também respondeu ao público.

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) incluiu Lula entre os maiores políticos do Brasil e discordou do presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia (RJ), para quem é preciso combater o "Deus da popularidade". Lula atingiu 64% de aprovação no último Datafolha.
"Hoje, os maiores políticos brasileiros são o ex-presidente Fernando Henrique, o presidente Lula e o governador José Serra. Coloco os três no mesmo patamar", disse Kassab.
"Divirjo [de Maia] nesse aspecto. Qualquer que seja o partido do presidente, há momentos em que você deve convergir, deve trabalhar em conjunto", afirmou o prefeito.
Ao responder como avalia o governo Lula, Kassab afirmou que "o presidente tem feito uma boa gestão". "Ótima, não."
"Citando o caso de São Paulo, ele tem sido correto. Tem sido um bom presidente para a cidade de São Paulo. Algumas questão estão pendentes. Seria muito injusto não deixar público esse reconhecimento."
Kassab foi cuidadoso até quando declarou seu voto em Serra para a Presidência, registrando o ano. "Serra é o homem mais preparado para dirigir o país a partir do ano de 2010."
Numa tentativa de neutralizar o discurso de Marta, que investe na associação a Lula, Kassab disse que "o diálogo com o governo federal tem sido muito bom". "Discordo da candidata Marta que diz que, se ela for eleita prefeita, o presidente Lula vai investir ali, investir aqui."
Falando de filas de credores no início do mandato, Kassab não poupou o governo Marta.
"No início da gestão, era caótica a situação do ensino público e da saúde pública."

PITTA
O prefeito também buscou um antídoto contra o PSDB e o PT, que o associam à gestão do ex-prefeito Celso Pitta. Ao falar de sua participação como secretário de Planejamento do governo Pitta, Kassab afirmou que o ex-prefeito integra o arco de apoio a Geraldo Alckmin. "Hoje o ex-prefeito Pitta é aliado do [ex-] governador Geraldo Alckmin em campanha. É seu aliado de campanha", disse.
Kassab fez também questão de ressaltar que o hoje coordenador de programa do PT, Jorge Wilheim, era um dos seus colaboradores.
"Fiquei lá um ano e três meses. Minha principal responsabilidade foi fazer o plano diretor. Tive como dois principais colaboradores o ex-secretário Adriano Branco e o ex-secretário Jorge Wilheim. Foram meus consultores e, até o momento que concluí meu plano, estiveram comigo como consultores."
Kassab se incluiu entre os "50% dos paulistanos que depositaram voto nele [Pitta]".
"Evidentemente minha posição mudou" disse.
O prefeito afirmou que "distorções ao longo do mandato" de Pitta fizeram com que se afastasse. "No início da sua gestão, ele [Pitta] disse que não ia fazer [loteamento de cargos]. Eu e Serra dizíamos que não iríamos fazer. Nós não fizemos. Ele fez", justificou Kassab, acrescentando: "Não tenho constrangimento nenhum em dizer que dei meu voto e errei no meu voto".

PSDB
Kassab assegurou que estará ao lado do PSDB no segundo turno. "Todos sabem que em São Paulo existe essa coligação, PSDB e Democratas. Essa coligação tem um líder em São Paulo, que é o governador José Serra, e estarei com ele no segundo turno."
Embora se diga confiante, o prefeito admitiu subir no palanque de Alckmin caso o tucano chegue ao segundo turno. "É muito difícil um candidato afirmar que não vai estar no segundo turno. Mas acho que respondi no momento que deixei claro que o meu caminho será com o PSDB, governando junto. A minha adversária é a ex-prefeita Marta Suplicy [PT]."

ALCKMIN
Apesar do aceno ao PSDB, Kassab evitou comentar os atributos de Alckmin, insinuando até que não o considera um bom gestor. Questionado sobre o governo do tucano, e de um déficit de R$ 1 bilhão que teria deixado nas contas do Estado, contornou: "Tenho que observar o governo Geraldo Alckmin fazendo uma análise dos 12 anos. O início do governo sempre é mais difícil. No início de sua gestão, o governador [Mario] Covas tinha uma situação muito difícil. Foi competente, reorganizou as finanças de uma maneira muito eficiente. O governador Geraldo Alckmin não teve a oportunidade de mostrar esse talento".
Diante das insistentes perguntas, reagiu: "É evidente que, se ao sair, ele [Alckmin] deixou o Estado nessa situação, houve problemas no planejamento do governo, é evidente. Não sei as razões, mas não é saudável do ponto de vista da administração pública".

MALUF
Kassab elogiou a administração de Paulo Maluf (PP). "Ele foi um bom prefeito, teve a maior avaliação na história do Datafolha, elegeu o sucessor, mas é evidente que, como todo homem público, é visível que teve uma carreira que também tem equívocos. Tanto que hoje ele é candidato a prefeito e não tem no índice das pesquisas uma participação compatível com aquela avaliação."
O prefeito evitou responder ao ser questionado se Maluf tinha desviado recursos públicos. "Aí é uma questão da Justiça. Acho que a Justiça acaba tendo as ações necessárias para identificar essa questão."
Questionado, depois de tantos elogios, sobre sua opção por Paulo Maluf contra Mario Covas nas eleições de 1998 para o governo de São Paulo, Kassab insistiu na tese de que cumpria uma missão pela reeleição do então presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Foi um processo nacional, o apoio do meu partido, onde havia o apoio da candidatura do presidente Fernando Henrique à reeleição. Não foi conduzido por mim. Um processo que reelegeu FHC presidente da República. Portanto, tinha um fato maior", alegou.
"Em relação ao Mario Covas posso lhe dizer que, no segundo turno, até para demonstrar o apreço que ele tinha por mim, ele fez questão de receber o apoio no meu escritório pessoal", argumentou Kassab, afirmando que suas relações pessoais com Covas "sempre foram muito boas".
Kassab explicou ainda por que apoiara Maluf anteriormente, dizendo que, "na época, o adversário dele era Eduardo Suplicy [PT]". "Eu entendia que Paulo Maluf era mais bem preparado do que Suplicy."
O prefeito não quis dizer se aceitaria o apoio de Maluf num eventual segundo turno. "Seria arrogante ou uma pretensão falar em segundo turno."

FHC
Kassab disse duvidar que tenha havido compra de votos para a reeleição de FHC, como dissera Maluf na sabatina de anteontem. "Conheço FHC. Suas qualidades, seu caráter, espírito público. Não acredito."

SONINHA
O prefeito rechaçou a afirmação da vereadora Soninha Francine (PPS) de que há compra de votos na Câmara. Ele afirmou "nunca" ter ouvido um pedido de dinheiro ou cargo.
"Em relação à nossa prefeitura, estou tranqüilo. A relação é de muita transparência. Não há interferência do Poder Legislativo. Não há loteamento."

QUÉRCIA
Kassab admitiu consultar o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) para a montagem da equipe. "O governo continuará o mesmo. Não haverá alterações. Mas alterações que acontecerem, vou discutir -por que não?- com o [ex-] governador Quércia, com o governador Serra, com Claudio Lembo [DEM]. A escolha é minha."

SERRA
Kassab exaltou sua relação com Serra. "Não sei se dá para comparar se o Serra é mais amigo meu ou mais amigo do Alckmin. Mas dificilmente ele terá uma relação diferente. Se ele tem estima pelo ex-governador Geraldo Alckmin, ele tem estima igual por mim."

"Quanto ao segundo turno, o meu caminho é com o PSDB. Todos sabem que em São Paulo existe essa coligação, PSDB e Democratas. Que tem como seu líder o governador José Serra"

"Ele (Lula) tem feito uma boa gestão, o seu governo tem problemas, mas é evidente que essa avaliação é compatível com uma boa gestão do ponto de vista genérico. Tem sido um bom presidente"

"A cidade ainda não está preparada para o pedágio urbano, dificilmente nas próximas décadas nós implantaremos. Não é justo socialmente. (...) Beneficiaria os ricos"

"Não sei se o Serra é mais amigo meu ou do Alckmin. Mas dificilmente ele terá uma relação diferente. Se ele tem estima pelo ex-governador, tem estima igual por mim"

"Não vai aumentar a passagem (de ônibus, em 2009)

Acredito que existe a possibilidade de para alguns setores diminuir ISS e aumentar receita. Estudos que são realizados na nossa secretaria de Finanças. Mas não existe esse compromisso"



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