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PT quer negociar Câmara para ter apoio
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na rápida conversa na quarta-feira com o tucano Aécio Neves,
governador eleito de Minas e presidente da Câmara, o candidato
do PT à Presidência, Luiz Inácio
Lula da Silva, propôs mais do que
a organização de "uma boa pauta" congressual após as eleições.
A Folha apurou que Lula disse a
Aécio que o PT, se chegar ao Planalto, está disposto a negociar a
presidência da Câmara com outras siglas em troca da ampliação
da base de apoio no Congresso a
eventual governo seu. Lula quer
Aécio no centro da negociação.
Mais: o petista disse que deseja
se reunir com Aécio logo após o
fim do segundo turno. A intenção
dos dois é articular uma aliança
de governadores para apoiar algumas medidas legislativas na
transição de governo.
Nessa agenda de transição, estariam medidas para acalmar o
mercado, como autonomia operacional ao Banco Central, e articulações para fazer uma reforma
tributária no prazo de seis meses.
A agenda Lula-Aécio, é óbvio,
só valerá no caso de vitória do PT.
Se o tucano José Serra (PSDB) for
eleito, a boa relação PT-Aécio
perderá importância.
Segundo a Folha apurou, o encontro "casual" entre Lula e Aécio
no aeroporto de Brasília foi planejado por Itamar Franco (sem partido), governador de Minas.
O ex-presidente, aliado do tucano e do petista, monitorou o horário de chegada de Aécio. Soube por um auxiliar que ele pousaria
por volta das 11h30. Pouco antes
disso, avisou a equipe de Lula que
Aécio estava para chegar.
O petista cancelou uma entrevista coletiva, foi para o hangar de
uma companhia aérea e encontrou Aécio, que não sabia da jogada de Itamar, mostrando-se surpreso. O tucano reclamou com a
assessoria que não havia sido avisado e que isso chatearia Serra, a
quem apóia.
Itamar articulou o encontro
porque Aécio recusou na semana
passada uma reunião com Lula
proposta pelo governador e pela
cúpula petista. Na quarta, Aécio
não conseguiu escapar e posou
para fotos com Lula. O PT continua a dizer que foi acaso.
Apostas na Câmara
Por enquanto, há muita especulação, mas alguns deputados federais eleitos já ensaiam tentativas de presidir a Câmara. O nome
de José Dirceu (SP) é colocado pelo PT como forma de guardar o
posto para negociação.
O partido fez a maior bancada, o
que lhe daria o direito de indicar o
presidente da Câmara, mas Dirceu deverá ser o chefe da Casa Civil de um eventual governo Lula.
O petista que sonha com o posto é
João Paulo Cunha (SP), líder da
bancada do partido na Câmara.
No PMDB, partido que apóia
Serra, mas que pode se aliar a Lula, fala-se em Michel Temer (SP),
que já presidiu a Casa. Ele é do núcleo governista e recomporia
pontes com a ala que apóia Lula.
No PSDB, o ex-ministro da Justiça Aloysio Nunes Ferreira (SP),
tem ótima relação com Dirceu e já
fez pontes entre o PT e FHC, apesar de apoiar Serra.
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