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PT estuda "autonomia operacional" do Banco Central
DA REPORTAGEM LOCAL
A "autonomia operacional" do
Banco Central em um eventual
governo de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) deverá incluir a fixação
de mandatos para a diretoria.
A promessa de autonomia, medida que agrada ao mercado e
vem sendo mencionada com ênfase por petistas nos últimos dias,
integra o esforço do partido para
passar a idéia de que está maduro
para comandar a economia.
Segundo o economista Guido
Mantega, principal assessor econômico do presidenciável, há
uma tendência no comando de
campanha petista em prol da instituição de mandatos para o presidente do BC e os diretores.
Pela proposta em estudo, os
mandatos teriam quatro anos e
seriam propositalmente "cruzados" com o do presidente da República -ou seja, teriam início
no meio de um mandato e iriam
até a metade da gestão seguinte.
"A idéia por trás da proposta
para o BC é dar a garantia de que a
política monetária, que tem uma
característica de longo prazo, não
será afetada pela conjuntura política do momento", diz Mantega.
O PT defende a regulamentação
do artigo 192 da Constituição, que
rege o funcionamento do BC, por
uma série de leis complementares, que seriam propostas já no
período de transição.
"O que há hoje é uma autonomia informal do BC, mas que pode ser revogada por simples vontade do governante. Nós queremos contemplar a autonomia na
legislação", afirma o economista.
Pelo modelo petista, a autonomia funcionaria da seguinte forma: todo ano, o governo entregaria um conjunto de metas -principalmente de inflação e oferta de
crédito- ao BC, a ser cumprido.
O BC, então, teria liberdade para persegui-las, utilizando os instrumentos que achar mais conveniente, como taxas de juros e definição do compulsório bancário.
A diretoria, indicada pelo governo e aprovada pelo Congresso,
não poderia ser removida do cargo, para poder suportar pressões
políticas. Somente poderia haver
destituição do presidente e diretores com base em "parâmetros",
ou seja, se as metas, depois de um
prazo estabelecido, não forem
cumpridas. O modelo a ser seguido, de acordo com Mantega, é o
do Banco Central britânico.
A autonomia do BC é bem-vista
entre investidores porque livraria
a condução da política monetária
de pressões políticas.
O esforço petista, ironicamente,
é formalizar a limitação de poder
de um eventual governo Lula como forma de dar garantias de que
a economia será manejada de forma responsável.
De acordo com o economista
petista, o partido rejeita a tese de
independência total do BC. "A independência significaria que o BC
fixaria suas próprias metas e sua
forma de atuação, sem comprometimento nenhum com uma
política de governo", diz.
Outra característica da independência seria dar garantia total de
"emprego" aos diretores do BC, a
menos que cometam falta grave.
(FÁBIO ZANINI)
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