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SEGUNDO TURNO
Para cientista político, "efeito Lula" não é a única explicação para o crescimento do voto na oposição nas eleições estaduais
Disputas mostram onda oposicionista
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
As disputas eleitorais na quase
totalidade dos 13 Estados e no
Distrito Federal que terão segundo turno mostram haver uma onda oposicionista, traduzida por
um sentimento de mudança, mas
também componentes de fragmentação da política local, com a
formação de alianças pouco sólidas, influem nas campanhas.
A onda de mudança não estaria
necessariamente apenas sofrendo
influência da posição que o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva ocupa atualmente nas pesquisas de intenção de voto, já que ele
incorpora esse sentimento, conforme identificou recente pesquisa Datafolha.
A influência que Lula e o PT
possam estar exercendo é importante neste contexto, mas pode
não ser o único motivo, segundo
Ricardo Caldas, do departamento
de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília), que desde
o primeiro turno vem acompanhando de perto as eleições em
Estados do Centro-Oeste e Norte.
Governos petistas
"Eu não sei se é uma onda Lula
ou uma onda PT, que na verdade
não são a mesma coisa, ou se uma
onda oposicionista", disse Caldas,
que sustenta tal dúvida na realidade de dois Estados onde o PT governa: Mato Grosso do Sul e Rio
Grande do Sul, além de componentes da política local.
Em Mato Grosso do Sul, o governador Zeca do PT estava cotado para se reeleger no primeiro
turno. Não conseguiu e agora está
empatado tecnicamente, segundo
pesquisa do Ibope, com Marisa
Serrano (PSDB).
Na disputa pelo governo gaúcho, administrado por Olívio Dutra (PT), o candidato da situação,
o petista Tarso Genro, que liderou
as pesquisas em boa parte da disputa no primeiro turno, foi atropelado na reta final e perdeu para
Germano Rigotto (PMDB), com
quem disputa agora o segundo
turno, mas corre atrás do peemedebista nas pesquisas.
Mas não só os situacionistas petistas enfrentam essa situação. No
Distrito Federal, o governador
Joaquim Roriz (PMDB), outro
que as pesquisas indicavam que
poderia vencer no primeiro turno, está atrás do petista Geraldo
Magela, de acordo com o Ibope.
Também o governador de Santa
Catarina, Esperidião Amin (PPB),
corre atrás do prejuízo. Tenta se
reeleger na acirrada disputa contra Luiz Henrique (PMDB). Estão
empatados tecnicamente, segundo as pesquisas.
Eleitos
A "onda PT", para o cientista
político do Iuperj Marcus Figueiredo, influenciou a realização de
segundo turno em muitos Estados, mas ele enfatiza também outros elementos, como a avaliação
que o eleitorado faz da gestão do
atual governante e a "fragmentação local", ou seja, a inexistência
de uma aliança política estruturada para sustentar as candidaturas
situacionistas.
Governos bem avaliados ou estruturados politicamente não tiveram muitas dificuldades para
reelegerem no primeiro turno
seus atuais governantes ou os
candidatos que apoiavam. São casos como Aécio Neves (PSDB) em
Minas, Jarbas Vasconcelos
(PMDB) em Pernambuco, Paulo
Souto (PFL) na Bahia, Marconi
Perillo (PSDB) em Goiás, Jorge
Viana (PT) no Acre e Ronaldo
Lessa (PSB) em Alagoas.
Neste segundo turno, 11 candidatos tentam a reeleição ou são
apoiados pelo governo atual. Para
Figueiredo, o fato de esses candidatos terem de disputar um segundo turno não significa que
eles foram reprovados pelas urnas, pelo contrário. Continuam
na disputa, mas muitos tendo que
enfrentar a "onda PT".
No caso de São Paulo, o cientista
político atribui a realização do segundo turno a uma "tradição" de
disputas em dois turnos no Estado. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) tenta se reeleger e enfrenta o deputado federal petista
José Genoino, que grudou sua
imagem à de Lula.
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