São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2005

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PT espera carta de desfiliação de Delúbio Soares

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A direção petista espera que até sábado o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares entregue uma carta de desfiliação. Esse documento provocaria o arquivamento do processo de expulsão contra Delúbio e reduziria o grau de tensão envolvendo um dos principais nomes ligados ao "mensalão".
A Folha apurou que Delúbio já redigiu essa carta de desfiliação do PT há algum tempo, com a ajuda de seu advogado. Há ainda, entretanto, uma pequena chance de ele enfrentar o processo de expulsão até o final. A votação está marcada para a reunião do Diretório Nacional do partido, no próximo sábado, em São Paulo.
Nos últimos dias, Delúbio tem sido procurado por vários emissários do PT e do governo. Está praticamente convencido de que o melhor para ele será evitar a expulsão, desfiliando-se antes.
A interlocutores mais próximos, Delúbio diz estar ciente da necessidade política da sua saída do PT. Assumiu praticamente sozinho toda a responsabilidade pelo que chama de "dinheiro não-contabilizado" para campanhas eleitorais.
O ex-tesoureiro do PT e da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva demonstra ressentimento ao ver petistas importantes dando entrevistas e se eximindo totalmente de responsabilidade no caso. Delúbio continua mantendo em público a versão de caixa dois para todo o dinheiro não-contabilizado por fidelidade a Lula.
O presidente da República sempre foi o grande fiador da permanência de Delúbio no cargo de tesoureiro do PT, mesmo quando vários cardeais petistas, como Antonio Palocci e José Dirceu, tentaram uma mudança já há mais de um ano.
Em conversas reservadas, Delúbio chega a dizer, em tom sarcástico, que gostaria de ir à reunião do Diretório Nacional do PT para assistir como seria a votação de sua expulsão. Delúbio mira em alguns dirigentes petistas que devem votar pela sua expulsão do partido -mas que teriam sido beneficiados pelo dinheiro ilegal agora conhecido como "mensalão".
A saída silenciosa e espontânea de Delúbio do PT é desejada pelo Palácio do Planalto. Seria a eliminação de mais um dos principais vetores que alimenta a atual crise política.
No momento, o interesse do ex-tesoureiro é reforçar sua imagem de aliado extremamente fiel ao presidente Lula.

Ômega
Delúbio comprou há duas semanas um carro Ômega importado blindado, ano 2000, com um cheque de R$ 67 mil.
O carro, segundo o advogado Paulo Viana, amigo de Delúbio, foi comprado a pedido da família, que temia pela segurança de Delúbio. Viana disse ainda que, para comprar o carro, Delúbio vendeu o Toyota Corolla 2005 por R$ 60 mil.


Colaborou a Reportagem Local

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