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Arrecadação federal sobe 10% e bate recorde
Brasileiros pagaram R$ 435 bilhões em tributos de janeiro até setembro deste ano; só de CPMF foram R$ 26,9 bilhões
Receita atribui o resultado à expansão da economia; o IR das empresas subiu 13,6%, e a Contribuição Sobre Lucro Líquido, 13% em 9 meses
FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Brasileiros pagaram R$ 435
bilhões em tributos de janeiro a
setembro. Apenas em CPMF, o
imposto do cheque, foram R$
26,9 bilhões. Conforme dados
da Receita Federal, a arrecadação federal foi 9,9% maior que o
registrado em igual período do
ano passado e é novo recorde
histórico para os nove meses.
Nos 273 dias desse período, os
cofres públicos receberam diariamente R$ 1,59 bilhão, inclusive nos finais de semana.
O secretário-adjunto da Receita Federal, Carlos Alberto
Barreto, atribui o resultado
principalmente ao crescimento
da economia. Segundo ele, vendas maiores no varejo, produção crescente nas fábricas e
mais negócios entre as empresas aceleram a arrecadação.
Tal aumento pode ser acompanhado em quase todos os impostos. Na produção, o total obtido com o IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados)
cresceu 13,3% e atingiu R$ 24
bilhões em nove meses. Chama
a atenção o aumento de 16,5%
do IPI ligado ao setor automotivo, que tem batido recordes.
Com vendas maiores, as empresas têm lucrado mais. Isso é
visto no Imposto de Renda das
firmas, que cresceu 13,6%, e na
CSLL (Contribuição Sobre Lucro Líquido), com arrecadação
13% superior. O ritmo maior da
economia também gera impacto na arrecadação da CPMF. No
período, foram R$ 26,9 bilhões,
valor 10,6% maior que o registrado em igual período de
2006. Para o ano, a Receita espera que a CPMF contribua
com R$ 38 bilhões.
"A economia influencia positivamente a arrecadação dos
impostos, mas essa relação é
vaga. Há outros fatores, como
ajustes na legislação e melhora
administrativa na Receita, que
não podem ser ignorados", diz
o professor de economia da
UnB, Roberto Piscitelli. Ele
afirma que a arrecadação tem
crescido próximo de 10% nos
últimos meses. "O número é
mais que o dobro da expectativa de crescimento do PIB. Acho
que estamos chegando no limite do aumento de imposto."
Na Receita, a avaliação é que
o aumento da arrecadação "estacionou". O coordenador-geral de análise do órgão, Raimundo Elói, diz que o resultado
acumulado dos meses de julho,
agosto e setembro apontam para expansão entre 10% e 11%.
A tese é questionada pelo
professor da UnB: "A Receita
esquece que a arrecadação
sempre cresce nos últimos meses do ano, período de fortes
vendas e mais contratações".
Elói rejeita a avaliação de alguns senadores de que haveria
"sobra" de arrecadação de impostos e diz que a meta para o
ano ainda não foi atingida: conforme o Orçamento 2007, a arrecadação líquida (sem contar a
Previdência e após as restituições) tem de somar R$ 412 bilhões no ano. Até setembro, foram R$ 301,4 bilhões. Mantida
a média, o ano terminará com
R$ 401 bilhões, abaixo da meta.
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