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Presidente defende compra de novos aviões para a FAB
Em conversa sobre pane em Boeing, Lula diz que nem sempre manutenção compensa
Petista fala em plano para renovar parte da frota da FAB em dez anos e estende defesa de reequipamento para toda a área militar
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A LUANDA (ANGOLA)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou uma conversa sobre a pane no avião da
FAB (Força Aérea Brasileira)
que transportava empresários
e jornalistas na África, na terça,
para fazer a defesa do reequipamento das Forças Armadas.
Em conversa informal no início de uma entrevista coletiva
em Luanda, capital da Angola,
Lula levou cerca de dez minutos defendendo a necessidade
de ter aviões novos.
"Precisamos trocar muitos
helicópteros das Forças Armadas [essa compra está em curso,
por R$ 600 milhões]. Não
adianta ter as coisas velhas que
não funcionam. Obviamente
você não pode comprar tudo de
uma vez. Pode fazer um plano
para, em dez anos, renovar parte da nossa frota. Isso vale para
os tanques, caminhões, jipes."
"Ou se renova a frota ou você
vai recebendo notícia pelo jornal de que caiu", afirmou.
A pane em pleno vôo em uma
turbina do Boeing-737/200 da
FAB, conhecido como Sucatinha, obrigou a uma meia-volta
no vôo de Brazzaville (Congo) a
Johannesburgo (África do Sul),
acompanhando o giro africano
de Lula. Ninguém ficou ferido,
o avião pousou com segurança.
Anteontem, o comandante
da Aeronáutica, Juniti Saito,
disse no Congresso que 63% da
frota da FAB está inoperante
por falta de manutenção.
No caso da Presidência, a
FAB a serve com o Grupo de
Transporte Especial, que tem
como aviões principais o AeroLula (Airbus-ACJ), dois Sucatinhas e uma frota de apoio de
três Boeing-707 -os Sucatões.
Nem sempre a manutenção
compensa, disse Lula. A solução seria comprar novas aeronaves. "Esse avião do [presidente dos EUA, George W.]
Bush, o que deve gastar de manutenção, dá para comprar um
avião por ano", disse. Lula disse
que a idéia é substituir os Sucatinhas por aviões da Embraer.
Após o incidente, membros
da comitiva presidencial passaram a brincar com os jornalistas, dizendo que eles não poderiam mais criticar o governo
por gastar com novos aviões,
como ocorreu no caso do Aerolula -comprado em 2005 por
cerca de R$ 100 milhões.
Ontem, Lula não chegou a
tanto, mas deixou claro que a
pane será um argumento que
deve usar para trocar a frota.
Para ilustrar o perigo do uso
de aviões com até 40 anos (caso
dos Sucatões), o presidente
contou uma história de quando
o ministro Celso Amorim teve
de enfrentar fumaça a bordo.
Lula, que não esconde o medo
de voar, disse que, durante a
viagem, não relaxou. "Não consigo dormir em avião. Tenho
medo de morrer dormindo."
Por falta de opções de vôos comerciais entre
África do Sul e Angola, os profissionais FÁBIO ZANINI e EDUARDO KNAPP viajaram em avião
da Força Aérea Brasileira
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