São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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Presidente defende compra de novos aviões para a FAB

Em conversa sobre pane em Boeing, Lula diz que nem sempre manutenção compensa

Petista fala em plano para renovar parte da frota da FAB em dez anos e estende defesa de reequipamento para toda a área militar

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A LUANDA (ANGOLA)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou uma conversa sobre a pane no avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que transportava empresários e jornalistas na África, na terça, para fazer a defesa do reequipamento das Forças Armadas. Em conversa informal no início de uma entrevista coletiva em Luanda, capital da Angola, Lula levou cerca de dez minutos defendendo a necessidade de ter aviões novos.
"Precisamos trocar muitos helicópteros das Forças Armadas [essa compra está em curso, por R$ 600 milhões]. Não adianta ter as coisas velhas que não funcionam. Obviamente você não pode comprar tudo de uma vez. Pode fazer um plano para, em dez anos, renovar parte da nossa frota. Isso vale para os tanques, caminhões, jipes."
"Ou se renova a frota ou você vai recebendo notícia pelo jornal de que caiu", afirmou.
A pane em pleno vôo em uma turbina do Boeing-737/200 da FAB, conhecido como Sucatinha, obrigou a uma meia-volta no vôo de Brazzaville (Congo) a Johannesburgo (África do Sul), acompanhando o giro africano de Lula. Ninguém ficou ferido, o avião pousou com segurança. Anteontem, o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, disse no Congresso que 63% da frota da FAB está inoperante por falta de manutenção.
No caso da Presidência, a FAB a serve com o Grupo de Transporte Especial, que tem como aviões principais o AeroLula (Airbus-ACJ), dois Sucatinhas e uma frota de apoio de três Boeing-707 -os Sucatões.
Nem sempre a manutenção compensa, disse Lula. A solução seria comprar novas aeronaves. "Esse avião do [presidente dos EUA, George W.] Bush, o que deve gastar de manutenção, dá para comprar um avião por ano", disse. Lula disse que a idéia é substituir os Sucatinhas por aviões da Embraer.
Após o incidente, membros da comitiva presidencial passaram a brincar com os jornalistas, dizendo que eles não poderiam mais criticar o governo por gastar com novos aviões, como ocorreu no caso do Aerolula -comprado em 2005 por cerca de R$ 100 milhões.
Ontem, Lula não chegou a tanto, mas deixou claro que a pane será um argumento que deve usar para trocar a frota. Para ilustrar o perigo do uso de aviões com até 40 anos (caso dos Sucatões), o presidente contou uma história de quando o ministro Celso Amorim teve de enfrentar fumaça a bordo.
Lula, que não esconde o medo de voar, disse que, durante a viagem, não relaxou. "Não consigo dormir em avião. Tenho medo de morrer dormindo."


Por falta de opções de vôos comerciais entre África do Sul e Angola, os profissionais FÁBIO ZANINI e EDUARDO KNAPP viajaram em avião da Força Aérea Brasileira


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