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Gabrielli é alvo de ação por repasse a ONG
Procuradoria entrará com ação por improbidade administrativa contra o presidente da Petrobras; entidade recebeu R$ 2,6 mi da estatal
Empresa informa que não vê motivos para terminar com o patrocínio e que o projeto
possui conteúdo técnico e coordenação especializada
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal
em Santa Catarina vai entrar
nos próximos dias com uma
ação por improbidade administrativa contra o presidente da
Petrobras, Sérgio Gabrielli, por
repasses que considera ilegais,
no valor total de R$ 2,59 milhões, a uma ONG do Estado.
Segundo o procurador Celso
Antonio Três, o caso também
será enviado à CPI das ONGs,
recém-instalada no Senado.
Em novembro, Celso Três
enviou uma recomendação a
Gabrielli, "visando cessar desvio de recursos públicos". O
procurador solicitava a suspensão de transferência de dinheiro, a título de patrocínio/publicidade, ao Projeto Baleia Franca, operado pela Coalizão Internacional da Vida Silvestre.
A ONG é comandada por José Truda, indicado pelo Ministério das Relações Exteriores
como integrante da Comissão
Internacional da Baleia. "Inexiste qualquer comprovação
científica da mínima validade
técnica dos trabalhos desenvolvidos pela Coalizão. José Truda, seu criador e único titular,
sequer ostenta qualquer formação técnica à atuação ecológica", escreveu o procurador.
"O Conselho Nacional do Ministério Público estabeleceu
que, se uma recomendação é
feita e a autoridade não toma
providências, o procurador tem
que entrar com uma ação", disse Três à Folha.
O procurador reiterou a recomendação em maio deste
ano, ressaltando que, se os repasses não fossem suspensos,
ele entraria com a ação, solicitando que o dinheiro fosse devolvido à estatal.
O patrocínio ao projeto começou em 2002, com R$ 290
mil. De lá para cá, as transferências aumentaram. Somente
neste ano, já foram repassados
pela estatal R$ 666 mil.
Por meio de sua assessoria, a
Petrobras informou que não vê
motivos para a interrupção do
patrocínio e que o projeto tem
conteúdo técnico e coordenação técnica especializada.
"Por seu turno, a Petrobras
ignora o conteúdo científico,
aportando dinheiro sem sindicar a idoneidade do projeto",
escreveu o procurador.
Segundo Celso Três, há vários órgãos "sabidamente qualificados" em trabalhos científicos sobre baleias que não recebem recursos da Petrobras.
Ele citou como exemplo a
APA (Área de Proteção Ambiental) da Baleia Franca, instituída por decreto presidencial
em 2000, também em Santa
Catarina. Segundo o procurador, como a Petrobras lança os
repasses à ONG na conta de
publicidade, a estatal teria de
ter feito licitação, o que não
ocorreu.
Celso Três citou dois exemplos que considera "aberrantes" em relação ao Projeto Baleia Franca. Segundo ele, a Petrobras paga R$ 150 mil anuais
para incluir o logotipo da empresa no veículo da entidade,
mais R$ 150 mil por conta de 10
placas de sinalização nos pontos de observação das baleias.
"Eles só ficam tirando fotos e
catalogando baleias. Não há nenhuma comprovação técnico-científica do trabalho deles",
disse Celso Três.
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