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DESVIO
Banco de senador foi pago por meio da Ikal entre abril e julho; contrato estava suspenso desde o ano passado
Estevão recebeu R$ 1,5 milhão do DNER
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
O Banco OK de Investimentos
S/A, de propriedade do senador
Luiz Estevão (PMDB-DF), recebeu R$ 1,494 milhão do DNER,
entre abril e julho deste ano, em
nome da construtora Ikal.
A Ikal pertence ao grupo beneficiado pelo desvio de recursos públicos na construção do Fórum
Trabalhista de São Paulo.
Os pagamentos do DNER (Departamento Nacional de Estradas
de Rodagem) se referem a obras
na BR-101, em Pernambuco. O senador é sócio majoritário do banco, e a construtora pertence ao
empresário Fábio Monteiro de
Barros Filho.
Além de reforçar as ligações de
Estevão com Monteiro de Barros,
os pagamentos do DNER ao Banco OK estão levantando suspeitas
no Congresso, porque foram feitos apesar de o contrato com a
Ikal estar suspenso desde dezembro do ano passado.
O senador e o empresário foram
investigados pela CPI do Judiciário, que concluiu que as empresas
de Monteiro de Barros se beneficiaram do desvio de R$ 169 milhões ocorrido na obra do Fórum
Trabalhista de São Paulo. O Grupo OK, do senador Estevão, recebeu US$ 35 milhões do Grupo
Monteiro de Barros.
As obras na BR-101 estão paralisadas desde junho deste ano. O
Banco OK está registrado no Cadin (cadastro de inadimplentes
da União) por causa de uma pendência com o Banco Central.
As ordens de pagamento do
DNER ao Banco OK de Investimentos e as notas de empenho
que autorizaram esses pagamentos em nome da construtora Ikal
estão registradas no Siafi (sistema
eletrônico que monitora os gastos
do governo federal).
A Folha obteve cópias desses
documentos a partir de levantamento feito pelo gabinete do deputado federal Agnelo Queiroz
(PC do B-DF).
"Não encontramos sustentação
jurídica para a operação triangular entre o DNER, o Banco OK e a
Ikal. Esses pagamentos ferem o
princípio de transparência da
contabilidade pública, e é inadmissível colocar recursos em uma
obra paralisada e sob investigação
do TCU", afirmou.
O contrato da Ikal com o DNER
está no levantamento feito pelo
Tribunal de Contas da União para
a Comissão de Orçamento do
Congresso relacionando obras
com indícios de irregularidade.
Segundo o TCU, há indícios de
medições feitas em serviços que
não foram executados (obras de
um viaduto e de uma ponte na
BR-101, em um trecho no sul do
Estado de Pernambuco). A construtora também não mantém um
"diário da obra", o que contraria
normas e procedimentos administrativos do próprio DNER.
Além disso, as medições nos
serviços efetivamente executados
estão incorretas, segundo o TCU.
O relatório do tribunal afirma
que "não há esperança de que a
Ikal venha a continuar a obra".
O Banco OK foi incluído no Cadin por solicitação do Banco Central, que trava uma disputa jurídica com a instituição financeira do
senador Luiz Estevão.
Em 1987, ele adquiriu uma carta-patente (autorização de funcionamento para o sistema financeiro) do BC para iniciar as atividades do Banco OK.
A Constituição de 1988 acabou
com as cartas-patente, e o Banco
OK passou a não pagar as promissórias relativas ao documento adquirido no ano anterior. A primeira promissória venceu em novembro de 1989, e a segunda, em
novembro de 1993.
Por causa disso, o BC incluiu o
Banco OK no Cadin e iniciou um
processo de cobrança judicial das
promissórias, que ainda não foi
concluído.
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