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NO AR
Exílio ranheta
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Franklin Martins jogou no
site da Globo a marchinha
de Haroldo Lobo que, cantada
por Francisco Alves, embalou a
volta de Getúlio Vargas ao poder há 50 anos:
- Bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar...
O sorriso do velhinho faz a gente
se animar.
Getúlio vinha de cinco anos de
"exílio voluntário" em sua fazenda gaúcha. O eco pretendido
por Martins é, obviamente, com
a saída de FHC para seu próprio
"exílio voluntário".
Pelo que tem dito em entrevistas sem fim, para todas as mídias, o tucano sai do poder direto para a Europa, voltando depois a morar em Higienópolis, o
bairro paulistano.
Já se pode prever que não será
um exílio como o de Getúlio. Há
semanas, FHC não faz outra
coisa a não ser oposição a Lula.
E oposição "ranheta", na expressão que ele usou ao falar ao
site Terra, dizendo não ser esse
seu objetivo:
- Não é conveniente que um
presidente que saia do governo
fique opinando sobre medidas
do novo presidente.
Pois é exatamente o que ele
vem fazendo, desde a eleição do
petista.
Já questionou o programa
contra a fome, o mesmo que o
presidente do Banco Mundial
quer apoiar, em sua visita a Lula, esta semana.
Já questionou a eventual mudança na data de posse de Lula
-que, vale lembrar, é idéia do
tucano Aécio Neves muito anterior à eleição.
FHC argumenta com o risco
institucional que é mudar a
Constituição. Logo ele, que mudou a Constituição para permitir a sua reeleição.
Em oposição "ranheta", FHC
espalhou até uma confidência
feita por Lula, a de que estava
assustado com a pressão dos
aliados por cargos.
Com suas declarações e ações
em relação ao presidente eleito,
o ainda presidente começa a
chamar a atenção.
No final de semana, por exemplo, foi questionado por jornalistas sobre os aumentos de combustíveis e remédios às vésperas
da posse de Lula -e depois das
eleições.
Na resposta, não saiu do ataque. Responsabilizou a elevação
do dólar, a qual seria, pelo que
costumam dizer seus ministros,
responsabilidade de Lula.
Fernando Henrique já nem
responde pelo poder.
É hoje a primeira reunião de
trabalho de Duda Mendonça,
para o governo Lula.
Ele vai dirigir o que os petistas
pretendem que seja uma "festa
popular" na posse, com Zezé de
Camargo etc. Mas também com
Chico Buarque.
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