São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 2002

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NO AR

Exílio ranheta

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Franklin Martins jogou no site da Globo a marchinha de Haroldo Lobo que, cantada por Francisco Alves, embalou a volta de Getúlio Vargas ao poder há 50 anos:
- Bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar... O sorriso do velhinho faz a gente se animar.
Getúlio vinha de cinco anos de "exílio voluntário" em sua fazenda gaúcha. O eco pretendido por Martins é, obviamente, com a saída de FHC para seu próprio "exílio voluntário".
Pelo que tem dito em entrevistas sem fim, para todas as mídias, o tucano sai do poder direto para a Europa, voltando depois a morar em Higienópolis, o bairro paulistano.
Já se pode prever que não será um exílio como o de Getúlio. Há semanas, FHC não faz outra coisa a não ser oposição a Lula. E oposição "ranheta", na expressão que ele usou ao falar ao site Terra, dizendo não ser esse seu objetivo:
- Não é conveniente que um presidente que saia do governo fique opinando sobre medidas do novo presidente.
Pois é exatamente o que ele vem fazendo, desde a eleição do petista.
Já questionou o programa contra a fome, o mesmo que o presidente do Banco Mundial quer apoiar, em sua visita a Lula, esta semana.
Já questionou a eventual mudança na data de posse de Lula -que, vale lembrar, é idéia do tucano Aécio Neves muito anterior à eleição.
FHC argumenta com o risco institucional que é mudar a Constituição. Logo ele, que mudou a Constituição para permitir a sua reeleição.
Em oposição "ranheta", FHC espalhou até uma confidência feita por Lula, a de que estava assustado com a pressão dos aliados por cargos.
Com suas declarações e ações em relação ao presidente eleito, o ainda presidente começa a chamar a atenção.
No final de semana, por exemplo, foi questionado por jornalistas sobre os aumentos de combustíveis e remédios às vésperas da posse de Lula -e depois das eleições.
Na resposta, não saiu do ataque. Responsabilizou a elevação do dólar, a qual seria, pelo que costumam dizer seus ministros, responsabilidade de Lula.
Fernando Henrique já nem responde pelo poder.
 
É hoje a primeira reunião de trabalho de Duda Mendonça, para o governo Lula.
Ele vai dirigir o que os petistas pretendem que seja uma "festa popular" na posse, com Zezé de Camargo etc. Mas também com Chico Buarque.


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