|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Tucanos, que travam queda-de-braço por candidatura presidencial, deixam 2006 de lado, trocam afagos e criticam o partido de Lula
Serra e Alckmin se unem para atacar PT e "escondem" disputa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO A BRASÍLIA
O governador Geraldo Alckmin
e o prefeito José Serra, as duas estrelas do tucanato paulista que
travam uma queda-de-braço pela
candidatura presidencial, ontem
trocaram afagos em público e se
uniram para atacar o PT.
Foi de Alckmin, discursando
com voz rouca, que em alguns
momentos falhou, a única referência, ainda que indireta, à acusação de que o PT recebeu financiamento ilegal de Cuba e Angola.
"Os escândalos do governo do
PT saltam de continente a continente. São escândalos planetários,
extrapolam até mesmo as divisas
[sic] do nosso país", disse.
Ele prometeu aos militantes que
lotavam o apertado auditório do
Centro de Convenções Ulysses
Guimarães que o PSDB vai "tirar
das costas do brasileiro este governo inoperante e perdulário".
Também insinuou, ao comentar a iniciativa do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva de finalmente
assumir-se como candidato, que
o presidente não tem chance de se
reeleger. "Como pode o PT ganhar a eleição se o governo perdeu a confiança do povo?"
Em discurso que leu, Serra foi
mais contundente que o governador e acusou o PT de "trocar a ética da convicção pela ética da conveniência". "O partido que se dizia diferente hoje se defende dizendo que somos todos iguais na
política. Mas nós não aceitamos a
semelhança. O PT propõe a generalização do mal na vida pública",
disse o prefeito de São Paulo.
Numa referência ao que classifica de uma transformação ideológica vivida pelo partido de Lula,
Serra declarou que os petistas
precisaram "trair seus princípios
e programas anteriores" e transformar isso em virtude.
Para aplauso da militância, ele
listou críticas ao governo em
áreas como a saúde (que teria passado de "prioridade a vítima"), a
política externa (com as "tropas
brasileiras "empatanadas" [sic] no
Haiti") e a economia (a cargo de
"aprendizes de feiticeiro").
O prefeito admitiu que às vezes
o PSDB parece ter pouco apetite
pelo poder. "Apenas não temos o
apetite dos canibais da política
brasileira", afirmou.
Pré-candidatos
Alckmin e Serra evitaram se colocar explicitamente como candidatos. A disputa está em banho-maria até ser resolvida em março.
O prefeito foi mais aplaudido e
teve o jingle de sua malsucedida
campanha de 2002 tocado nos intervalos da convenção -nem
Alckmin escapou de entrar no salão ao som do refrão serrista:
"Muda meu país/ Mas não muda
minha bandeira/ A onda é verde e
amarela/ Ela não é vermelha".
Mas Alckmin contava com uma
claque que gritava: "Brasil urgente, Geraldo presidente". Secretários estaduais e deputados paulistas o acompanharam. A Serra, dirigiu gentilezas, dizendo que é
"um dos mais preparados homens públicos" e que está "recuperando a cidade de São Paulo,
depois do tsunami do PT".
O prefeito devolveu com um
elogio, mais protocolar, chamando Alckmin de "grande governador de São Paulo".
(FÁBIO ZANINI e CHICO DE GOIS)
Texto Anterior: Pressão baixa: FHC passa mal durante convenção Próximo Texto: Memória: Em 2002, ACM foi opositor do candidato Serra Índice
|