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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ A HORA DE DIRCEU
Ministros mandam mensagem de apoio a deputado, que recebeu solidariedade de amigos e correligionários em ato na Câmara Municipal de SP
Dilma e Palocci manifestam apoio a Dirceu
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Num ato que contou com cerca
de 600 pessoas, ontem, na Câmara Municipal de São Paulo, o deputado José Dirceu (PT-SP) conseguiu reunir os apoios dos ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil),
que enviaram mensagens de solidariedade ao ex-ministro.
Com as galerias cheias, a presença da mulher e suas filhas, parlamentares do PT e de partidos
aliados, o ato contou também
com a participação da ex-prefeita
de São Paulo Marta Suplicy, do senador Eduardo Suplicy (que tem
freqüentes divergências políticas
com o deputado), do ministro
Luiz Marinho (Trabalho), do assessor especial da Presidência
Marco Aurélio Garcia e de representantes de entidades da sociedade civil e movimentos sociais,
como UNE (União Nacional dos
Estudantes) e CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Marta reconheceu que o PT
"passa por um momento difícil",
mas disse que o partido "tem de
parar de ajoelhar no milho" e voltar a levantar a bandeira da ética.
Antes dos discursos, foi lida carta do líder do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) João Pedro Stédile que, para apoiar Dirceu, criticou o governo Lula, afirmando que este não
teve "correlação de forças nem
coragem para enfrentar a classe
dominante".
Recebido com palmas e um coro de "Dirceu, guerreiro do povo
brasileiro", o ministro foi o último a falar. Ele também fez a defesa da auto-estima petista, declarando que a luta por seu mandato
é "a defesa da militância do PT,
para poder andar de cabeça erguida e colocar a estrela no peito".
O ex-ministro atacou a oposiçao, a imprensa, o Ministério Público e o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, defendendo a
tese de que "não é preciso tanque"
para as novas tentativas de interrupção de "projetos democráticos
e populares".
A união de Dilma e Palocci não
foi a única concordância improvável da noite. O ex-policial Herwin de Barros, 61, que trabalhou
para o Dops (Departamento de
Ordem Política e Social) e participou da prisão de Dirceu no congresso da UNE de 1968, sentou-se
ao lado do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e perto da
mulher de Dirceu.
Segundo ele, Dirceu é um "guerreiro" e está sendo perseguido
porque incomoda.
O deputado também recebeu o
apoio do vereador Agnaldo Timóteo (PP-SP), que recentemente
visitou o ex-prefeito Paulo Maluf
na prisão. Na entrada da Câmara,
a única voz dissonante era a do
comerciante Devanir Amanso,
42, que havia trazido 125 pizzas
para distribuir em protesto contra
Dirceu. Poucas delas foram distribuídas para mendigos que passavam pelo local.
Terror
À tarde, Dirceu disse que o Estado de Direito está sendo desrespeitado no país e comparou o
processo de cassação que sofre
com o período do Terror na Revolução Francesa (1789-1799).
Para uma platéia de 11 prefeitos,
dirigentes e deputados estaduais
petistas, reunidos em na sede da
empresa Moinho Pacífico, nos
Jardins, região nobre de São Paulo, o deputado disse que cassar o
seu mandato seria uma violência
"nunca vista no país" depois da
ditadura militar.
"De certa maneira, estamos começando a viver no país a lei do
suspeito, que houve no Terror na
Revolução Francesa. É suspeito,
está condenado: é a lei", declarou.
Uma manifestação de apoio do
ex-presidente da sigla Tarso Genro foi lida antes do início da reunião. Nela, Tarso afirma que a
"cassação sem provas é ato de arbítrio e de revanche política".
Após os discursos iniciais, os prefeitos se comprometeram a pressionar deputados para que votem
favoravelmente a Dirceu.
Sobre Lula, Dirceu disse que o
presidente tem se comportado
como um "magistrado" durante
toda a crise, sem prejulgar nem
inocentar ninguém.
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