São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2006

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Setor agropecuário pressiona Requião

Reeleito com pouco mais de 10 mil votos de diferença, governador enfrenta cobranças de oposicionistas e aliados para novo mandato

Peemedebista teve apoio de pequenos produtores na eleição, enquanto Osmar Dias, do PDT, ganhou votos do setor do agronegócio

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Reeleito com uma diferença de 10.479 votos, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), irá enfrentar no novo mandato cobranças de opositores e até mesmo de aliados na agropecuária paranaense, setor que mais reflete a divisão do Estado revelada pelas eleições. Enquanto os pequenos produtores apoiaram Requião, o setor agroexportador votou em Osmar Dias (PDT).
Antes de terminar seu primeiro mandato, Requião já deu mostras de que sua preferência é pelo modelo de desenvolvimento que privilegia a pequena propriedade e a produção de alimentos, em detrimento do agronegócio exportador.
Com apoio da Via Campesina, o governador assinou na semana passada decreto de desapropriação da fazenda experimental da multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste (oeste do PR). No local, segundo o anúncio de Requião, será criada uma unidade de pesquisa agroecológica.
A Syngenta anunciou que, até a última quinta, não havia recebido a comunicação da desapropriação. Mas vai recorrer. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a Via Campesina, aliados de Requião, articularam assinaturas de 119 entidades em apoio à desapropriação.
O setor cooperativista e a Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) saíram em defesa da multinacional. Segundo Ágide Meneghetti, presidente da Faep, a desapropriação da unidade da Syngenta é uma sinal "verde" do governador para novas invasões.
O chamado agronegócio exportador, representado pela Faep, SRP (Sociedade Rural do Paraná) e Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), foi oposicionista nas últimas eleições. Requião perdeu nos principais municípios do agronegócio, como Ponta Grossa, Londrina, Maringá e Cascavel.
O assessor especial da presidência da Faep, Carlos Augusto Albuquerque, dá o tom do clima que Requião enfrentará. "O governador é um homem inteligente, para saber que não ganhou com essa folga toda. E esperamos que ele mude de atitude e ouça os produtores", disse.

Aliado
"Além de Requião ter adotado uma postura de apoio à agricultura familiar, é inegável que nos aliamos a ele contra Osmar Dias, defensor do latifúndio e que tem projetos contra o assalariado rural no Senado", afirmou Mário Plesk, secretário geral e Diretor de Política Agrícola da Fetaep (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná). Segundo ele, o novo governo deverá "ampliar e explicitar a opção do governo estadual pelos pequenos e médios produtores".


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