|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Setor agropecuário pressiona Requião
Reeleito com pouco mais de 10 mil votos de diferença, governador enfrenta cobranças de oposicionistas e aliados para novo mandato
Peemedebista teve apoio de
pequenos produtores na
eleição, enquanto Osmar
Dias, do PDT, ganhou votos
do setor do agronegócio
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Reeleito com uma diferença
de 10.479 votos, o governador
do Paraná, Roberto Requião
(PMDB), irá enfrentar no novo
mandato cobranças de opositores e até mesmo de aliados na
agropecuária paranaense, setor
que mais reflete a divisão do
Estado revelada pelas eleições.
Enquanto os pequenos produtores apoiaram Requião, o setor agroexportador votou em
Osmar Dias (PDT).
Antes de terminar seu primeiro mandato, Requião já deu
mostras de que sua preferência
é pelo modelo de desenvolvimento que privilegia a pequena
propriedade e a produção de
alimentos, em detrimento do
agronegócio exportador.
Com apoio da Via Campesina, o governador assinou na semana passada decreto de desapropriação da fazenda experimental da multinacional
Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste (oeste do PR). No
local, segundo o anúncio de Requião, será criada uma unidade
de pesquisa agroecológica.
A Syngenta anunciou que,
até a última quinta, não havia
recebido a comunicação da desapropriação. Mas vai recorrer.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a
Via Campesina, aliados de Requião, articularam assinaturas
de 119 entidades em apoio à desapropriação.
O setor cooperativista e a
Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) saíram
em defesa da multinacional.
Segundo Ágide Meneghetti,
presidente da Faep, a desapropriação da unidade da Syngenta é uma sinal "verde" do governador para novas invasões.
O chamado agronegócio exportador, representado pela
Faep, SRP (Sociedade Rural do
Paraná) e Ocepar (Organização
das Cooperativas do Paraná),
foi oposicionista nas últimas
eleições. Requião perdeu nos
principais municípios do agronegócio, como Ponta Grossa,
Londrina, Maringá e Cascavel.
O assessor especial da presidência da Faep, Carlos Augusto
Albuquerque, dá o tom do clima que Requião enfrentará. "O
governador é um homem inteligente, para saber que não ganhou com essa folga toda. E esperamos que ele mude de atitude e ouça os produtores", disse.
Aliado
"Além de Requião ter adotado uma postura de apoio à agricultura familiar, é inegável que
nos aliamos a ele contra Osmar
Dias, defensor do latifúndio e
que tem projetos contra o assalariado rural no Senado", afirmou Mário Plesk, secretário
geral e Diretor de Política Agrícola da Fetaep (Federação dos
Trabalhadores na Agricultura
do Estado do Paraná). Segundo
ele, o novo governo deverá
"ampliar e explicitar a opção do
governo estadual pelos pequenos e médios produtores".
Texto Anterior: Outro lado: Casa Civil não se pronuncia sobre pedidos Próximo Texto: Frases Índice
|