São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Tudo como antes

Ao declarar que José Temporão fica, Lula acionou em público um freio de arrumação que a bancada do PMDB, em litígio com o ministro da Saúde, já havia sentido nos bastidores. Ficou claro para os deputados que o presidente, sem prejuízo de outras insatisfações com Temporão, deu sinal verde para que este apontasse corrupção na Funasa, loteada pelo partido.
De sua parte, o ministro deve fazer um gesto de paz oferecendo ao PMDB uma das duas secretarias que pretende criar a partir da divisão da pasta de Atenção à Saúde: ou a que cuidará da saúde básica (incluindo o atendimento a populações indígenas, hoje sob o guarda-chuva da Funasa), ou a que tratará de hospitais.



Mordida 1. Antes do "fica" de Lula, a bancada do PMDB na Comissão de Orçamento teve tempo de apresentar emendas para tirar R$ 217 milhões do controle do ministro da Saúde e repassá-los diretamente ao caixa da Funasa.

Mordida 2. Da verba a ser retirada de Temporão, R$ 24 milhões seriam usados em campanhas contra a dengue e R$ 193 milhões para vacinação contra rotavírus, febre amarela e meningite.

Ficha suja. Apontado como vazador do grampo contra o presidente do STF, o araponga Nery Kluwe foi acusado em 2007, pelo Conselho Fiscal da Associação de Servidores da Abin, de desviar recursos, emitir cheques sem fundo e realizar saques sem comprovação. O conselho reprovou as contas de Kluwe.

Caixa. Apesar de reclamar dos baixos salários, o sindicalista aparece como doador de R$ 10.550 à campanha do candidato a deputado Christian Perillier Schneider, que concorreu sem sucesso pelo PTB do DF em 2006. Servidor da Abin, Schneider já ocupou cargos de assessoria especial no Ministério da Integração e na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência.

Mordomo. Foi idéia do número 2 da PF, Roberto Troncon, gravar a reunião em que se decidiu o afastamento de Protógenes Queiroz da Operação Satiagraha. O delegado concordou. "Eu não ia gravar para não ser acusado quando a conversa vazar", explicou.

Tudinho. No áudio da reunião, Protógenes descreve o banqueiro Daniel Dantas, alvo da Satiagraha, como extremamente detalhista. "Registra fragmentos de informação, atas de reunião, avaliações e para quem pagou."

Um é pouco. No evento em que foi assinado termo para aumentar a fiscalização sobre entidades filantrópicas que atuam na área da saúde, anteontem em São Paulo, Lula disse que médico é como economista: deve-se ouvir sempre uma segunda opinião.

Será que ele vai? A PF passou o dia ontem no estádio do Bezerrão fazendo sua tradicional varredura para o caso de Lula decidir, de última hora, prestigiar hoje à noite o amistoso Brasil x Portugal.

Cercado. Até ontem, haviam confirmado presença no jogo da seleção oito ministros e cinco governadores, além do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e dos presidentes do Senado, Garibaldi Alves, e do Supremo, Gilmar Mendes.

Mentirinha. O Planalto acredita que a reforma tributária será aprovada tal como está ainda neste ano pelo plenário da Câmara, mas que depois será necessário negociar pontos-chave no Senado.

Lua-de-mel. Depois de quase levar a Prefeitura do Rio com o patrocínio do PSDB, Fernando Gabeira (PV) será estrela de um seminário promovido pelo Instituto Teotônio Vilela, do partido, no fim do mês. Um outro evento tucano reunirá os presidenciáveis José Serra e Aécio Neves com prefeitos, a exemplo do encontro de petistas com Dilma Rousseff.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Começou como marolinha, depois vieram medidas cada vez mais sérias. Agora a questão do fundo soberano tira o foco e lança dúvida sobre se o governo sabe o que está fazendo."

Do senador TASSO JEREISSATI (PSDB-CE), sobre a tentativa do governo de aprovar no Senado o projeto que cria o Fundo Soberano do Brasil.

Contraponto

Primeiros passos

Os deputados da comissão especial que elabora a proposta de reforma tributária travavam um debate na semana passada sobre pontos polêmicos do texto. Até que o veterano Gerson Peres (PP-PA), 77, levantou-se e avisou o relator, Sandro Mabel (PR-GO), que teria de partir. Como a discussão seria interrompida, Peres vaticinou:
-O tempo é o senhor da razão! Eu espero que ainda tenha muito anos de vida para ver quem estava certo...
A comissão respondeu em coro que "certamente" ele ainda viveria por muitos anos, e Peres resolveu emendar, para gargalhada geral:
-Aliás, o meu "pediatra" disse que estou muito bem...


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