São Paulo, quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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Patrocínio americano a evento da Anpocs provoca polêmica na academia

DA SUCURSAL DO RIO

Corre na internet, agitando parte da academia, abaixo-assinado que "repudia" a aceitação, pela Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), de patrocínio da Embaixada dos EUA -"que representa um governo cuja política externa, ontem e hoje, tem uma natureza reconhecidamente intervencionista e belicista".
Firmado por Francisco de Oliveira, Carlos Nelson Coutinho (UFRJ) e Caio Navarro de Toledo (Unicamp), entre outros, o texto considera "insólita" a presença de representante da embaixada no 33º encontro anual da entidade, ocorrido no final de outubro, em Caxambu (MG).
Segundo a gerência financeira da Anpocs e a embaixada, o patrocínio e a presença ocorrem desde 2006. Neste ano, incluiu verba de R$ 20 mil, além do Prêmio Franklin D. Roosevelt, que oferece de US$ 1.500 a US$ 4.000 a trabalhos sobre os EUA. A Anpocs integra o júri.
O encontro custou R$ 760 mil, dos quais R$ 535 mil de patrocinadores, a maioria públicos. Outros R$ 360 mil vêm da inscrição dos 2.000 participantes -outro alvo do abaixo-assinado, que critica o veto à presença dos que não tinham crachá. A sobra fica para a entidade.
Em resposta, a direção da Anpocs diz que a arrecadação responde ao crescimento da associação. "O fazemos sem qualquer temor de que esse ou outro patrocinador público ou privado, nacional ou estrangeiro, possa diminuir nossa autonomia e restringir a liberdade de pensamento e ação que caracteriza a Anpocs", afirma.
Ontem, tanto a presidente da Anpocs, a socióloga Maria Alice Rezende de Carvalho (PUC-RJ), quanto Oliveira minimizaram a divergência.
"Não houve acusação, houve um protesto específico. Quem está entendendo que isso é desqualificar a Anpocs está achando pelo em ovo", disse Oliveira. Segundo ele, o fato de parte dos signatários serem do PSOL não lhe dá caráter partidário.
Maria Alice afirmou não ver "possibilidade de ruptura maior". Em nota, a adida cultural dos EUA, Jean Manes, disse que "é uma honra participar de forma transparente e democrática de todas as atividades para as quais somos convidados".


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