São Paulo, Domingo, 19 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRIME ORGANIZADO
Ação de quadrilhas não é possível sem envolvimento de agente público, diz presidente da comissão
CPI paulista vai investigar políticos

ROBERTO COSSO
da Reportagem Local


O presidente da CPI do Narcotráfico instalada na semana passada na Assembléia Legislativa de São Paulo, deputado Dimas Ramalho (PPS), disse que a comissão vai investigar o envolvimento de políticos com o narcotráfico.
"A CPI vai buscar identificar as pessoas que estejam envolvidas com o narcotráfico, inclusive políticos", afirmou à Folha.
A reportagem apurou que alguns membros da CPI têm intenção de investigar a eventual participação com o narcotráfico de um ex-deputado estadual, de ex-vereadores da capital e de alguns vereadores e prefeitos do interior.
Ramalho diz ainda que a CPI vai investigar aeroportos e pistas clandestinas no interior do Estado. As audiências públicas da CPI só começam em fevereiro do ano que vem. Até lá, os deputados pretendem colher documentos.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Folha - Como estão os primeiros trabalhos da CPI?
Dimas Ramalho
- A CPI está recolhendo todas as informações que as instituições têm sobre o narcotráfico em São Paulo. São documentos da Polícia Civil, da Ouvidoria da Polícia, do Ministério Público e da CPI federal.

Folha - Qual é a importância desses documentos?
Ramalho
- Vamos delimitar nossa atuação a partir da análise dessas informações. A CPI paulista vai poder detalhar as investigações porque são quatro relatores. Com isso, vamos poder estar em quatro cidades ao mesmo tempo.

Folha - O governo do Estado vai colaborar com a CPI?
Ramalho
- A Secretaria da Segurança Pública colocou policiais civis e militares à disposição da CPI. A polícia técnica vai colaborar com a verificação de documentos. A Secretaria da Fazenda e um grupo do Ministério Público especializado em narcotráfico também vão acompanhar os trabalhos.

Folha - O que a Secretaria da Fazenda vai fazer na CPI?
Ramalho
- Pedimos que eles cedam agentes fiscais especializados, para podermos identificar a existência de empresas de fachada. O objetivo é verificar casos de lavagem de dinheiro. No início, pedimos uma equipe, mas depois poderemos pedir mais.

Folha - Já existe alguma prioridade que tenha sido estabelecida pela CPI?
Ramalho
- Um dos pontos de maior atenção da CPI são os aeroportos e as muitas pistas espalhadas pelo Estado. A polícia informou que encontrou pelo menos 14 pistas no interior que não teriam controle da Aeronáutica.

Folha - O objetivo da CPI é tentar desvendar uma grande quantidade de casos ou é buscar os "peixes grandes"?
Ramalho
- Estamos preocupados com resultados. Queremos fazer uma radiografia do narcotráfico no Estado de São Paulo para desvendar como agem os grandes traficantes, quem financia e quem banca o tráfico em São Paulo. A partir daí, tentar identificar essas pessoas. Não dá para ter crime organizado se não tiver agente público envolvido.

Folha - Agentes públicos podem ser políticos?
Ramalho
- A CPI vai apurar o crime organizado e o narcotráfico. Esteja envolvido quem estiver, vamos tornar público. É uma CPI plural, com representantes de todos os partidos.

Folha- A CPI vai buscar informações sobre o envolvimento de políticos com o narcotráfico?
Ramalho
- A CPI vai buscar identificar as pessoas que estejam envolvidas com o narcotráfico, inclusive políticos.


Texto Anterior: No extremo do país: Acre chega por último ao ano 2000
Próximo Texto: PFL deixa uma vaga para o PT
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.