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CRIME ORGANIZADO
Ação de quadrilhas não é possível sem envolvimento de agente público, diz presidente da comissão
CPI paulista vai investigar políticos
ROBERTO COSSO
da Reportagem Local
O presidente da
CPI do Narcotráfico instalada na semana passada na
Assembléia Legislativa de São Paulo,
deputado Dimas Ramalho (PPS),
disse que a comissão vai investigar o envolvimento de políticos
com o narcotráfico.
"A CPI vai buscar identificar as
pessoas que estejam envolvidas
com o narcotráfico, inclusive políticos", afirmou à Folha.
A reportagem apurou que alguns membros da CPI têm intenção de investigar a eventual participação com o narcotráfico de um
ex-deputado estadual, de ex-vereadores da capital e de alguns vereadores e prefeitos do interior.
Ramalho diz ainda que a CPI vai
investigar aeroportos e pistas
clandestinas no interior do Estado. As audiências públicas da CPI
só começam em fevereiro do ano
que vem. Até lá, os deputados
pretendem colher documentos.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.
Folha - Como estão os primeiros trabalhos da CPI?
Dimas Ramalho - A CPI está recolhendo todas as informações
que as instituições têm sobre o
narcotráfico em São Paulo. São
documentos da Polícia Civil, da
Ouvidoria da Polícia, do Ministério Público e da CPI federal.
Folha - Qual é a importância
desses documentos?
Ramalho - Vamos delimitar
nossa atuação a partir da análise
dessas informações. A CPI paulista vai poder detalhar as investigações porque são quatro relatores.
Com isso, vamos poder estar em
quatro cidades ao mesmo tempo.
Folha - O governo do Estado
vai colaborar com a CPI?
Ramalho - A Secretaria da Segurança Pública colocou policiais civis e militares à disposição da CPI.
A polícia técnica vai colaborar
com a verificação de documentos.
A Secretaria da Fazenda e um grupo do Ministério Público especializado em narcotráfico também
vão acompanhar os trabalhos.
Folha - O que a Secretaria da
Fazenda vai fazer na CPI?
Ramalho - Pedimos que eles cedam agentes fiscais especializados, para podermos identificar a
existência de empresas de fachada. O objetivo é verificar casos de
lavagem de dinheiro. No início,
pedimos uma equipe, mas depois
poderemos pedir mais.
Folha - Já existe alguma prioridade que tenha sido estabelecida pela CPI?
Ramalho - Um dos pontos de
maior atenção da CPI são os aeroportos e as muitas pistas espalhadas pelo Estado. A polícia informou que encontrou pelo menos
14 pistas no interior que não teriam controle da Aeronáutica.
Folha - O objetivo da CPI é tentar desvendar uma grande
quantidade de casos ou é buscar os "peixes grandes"?
Ramalho - Estamos preocupados com resultados. Queremos
fazer uma radiografia do narcotráfico no Estado de São Paulo para desvendar como agem os grandes traficantes, quem financia e
quem banca o tráfico em São Paulo. A partir daí, tentar identificar
essas pessoas. Não dá para ter crime organizado se não tiver agente
público envolvido.
Folha - Agentes públicos podem ser políticos?
Ramalho - A CPI vai apurar o
crime organizado e o narcotráfico. Esteja envolvido quem estiver,
vamos tornar público. É uma CPI
plural, com representantes de todos os partidos.
Folha- A CPI vai buscar informações sobre o envolvimento
de políticos com o narcotráfico?
Ramalho- A CPI vai buscar
identificar as pessoas que estejam
envolvidas com o narcotráfico,
inclusive políticos.
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