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"A posição do deputado é pessoal; a bancada do PT é contra", afirma o líder do partido na Câmara, Henrique Fontana
PT agora critica aumento e confronta Chinaglia
Reajuste "é indefensável",
diz Fernando Ferro: "Pior do
que errar é permanecer no
erro'; líder do governo agora
evita falar sobre o assunto
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionados pela repercussão negativa do reajuste de 91%
nos salários dos parlamentares,
líderes do PT no Congresso decidiram ontem se posicionar
contra o aumento, saída que
acabou isolando o candidato do
partido à presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Líder do governo Lula na Câmara, Chinaglia é o único deputado petista a manter publicamente a defesa do salário de R$
24,5 mil para os congressistas.
O senador Tião Viana (PT-AC),
que compõe a Mesa Diretora,
também havia dito ser favorável na semana passada.
O clima interno no PT ficou
tenso durante a tarde porque,
apesar do aval do presidente interino da sigla, Marco Aurélio
Garcia, para que os líderes marcassem posição contra o reajuste, aliados de Chinaglia reclamaram que a medida geraria
desgaste e poderia até tirá-lo da
disputa pela Mesa da Câmara.
Após uma série de notas e entrevistas de petistas, o líder do
partido na Câmara, Henrique
Fontana (RS), decidiu falar em
nome da bancada: "A posição
do deputado Chinaglia é pessoal. A bancada do PT é contra,
e essa posição foi expressa desde o começo". Fontana havia
votado contra o reajuste na
reunião da cúpula do Congresso sobre o tema e ontem sugeriu que ele volte a ser debatido
em nova reunião de líderes.
Desde então, Chinaglia tem
se esquivado de falar sobre o assunto. Procurado ontem pela
Folha, ele não respondeu às ligações. Aliados que articulam
sua candidatura tentaram
atuar para abafar o constrangimento, mas admitiram que a
saída seria rever a posição.
"Não vejo como insistir nisso: é indefensável. Pior do que
errar é permanecer no erro.
Quero crer, e ouvi isso de outros líderes, que é caso de reavaliar", disse o deputado Fernando Ferro (PT-PE). "Ele disse em seu próprio nome, não
precisa estar só em sintonia
com a bancada do PT", disse
Odair Cunha (PT-MG).
Ferro e outros quatro deputados petistas -Walter Pinheiro (BA), Dr. Rosinha (PR),
Maurício Rands (PE) e Tarcísio
Zimmermann (RS)- assinaram um documento propondo
um decreto legislativo para alterar o valor acertado, de R$
24,5 mil para R$ 16,4 mil. O decreto teria que ser aprovado pelo plenário da Câmara.
O deputado Vicentinho (PT-SP) também anunciou que devolverá à Casa o montante que
exceder o valor corrigido pela
inflação -R$ 16,4 mil.
Como o potencial adversário
de Chinaglia na eleição da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), também firmou posição
idêntica, cresceram as críticas
de que o reajuste virou bandeira de campanha para conseguir
a presidência da Câmara.
No Senado, a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), que se absteve
da votação sobre o tema na semana passada, recuou. Em nota, disse ter sido "voto vencido"
na bancada e defendeu que a
polêmica seja levada para análise em votação no plenário.
O senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) pediu que a decisão seja revista: "Avalio que os presidentes do Senado e da Câmara,
diante desse clamor popular,
podem perfeitamente tomar a
iniciativa de rever a decisão".
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